A Polícia Federal terá a partir da próxima segunda-feira um novo Dretor Geral. o cargo será assumido pelo secretário nacional de Segurança, Luiz Fernando Corrêa, que também é delegado federal, tem o apoio de mais de 70% da categoria, é petista e afinado com Tarso Genro.A posse será, no dia 3, às 16h00.

Depois de quatro anos e oito meses na direção da PF, o delegado Paulo Lacerda assumirá o comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o órgão de informação mais problemático do governo Federal.

A decisão foi anunciada ontem à noite, logo após um encontro do diretor com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Justiça, Tarso Genro, no Palácio do Planalto.

Discreto e profissional, Lacerda deixa a Polícia Federal num momento em que a corporação vive seu melhor momento. Reestruturada, com mais recursos e um efetivo reforçado, sob seu comando a Polícia realizou nos últimos quatro anos e meio cerca de 370 operações de impacto, grande parte delas para depurar a máquina pública contra a corrupção historicamente infiltrada nela. As duas últimas, as operações Navalha e Xeque-Mate, pegaram políticos da base do governo no Congresso e o próprio irmão do presidente Lula, Genival Ferreira da Silva, o Vavá, apanhado num grampo tentando fazer tráfico de influência a favor da máfia dos jogos de azar.

As ações de combate à corrupção também produziram a reação da elite política ameaçada pela ousadia dos federais. Nos últimos tempos, as tentativas de frear o ímpeto da Polícia eram tão claras quanto as previsões de que Lacerda não aceitaria pressões para mudar o foco das operações.

Lacerda fica até a próxima segunda-feira, quando transmite o cargo para Luiz Fernando Corrêa e marca a data para assumir a direção da Abin.

PERFIL

O gaúcho Luiz Fernando Corrêa, 48 anos, é delegado de Polícia Federal lotado na Superintendência Regional do DPF no Distrito Federal. É bacharel em Direito pela Fundação Universidade do Rio Grande e formado pela Academia Nacional de Polícia.

Antes de assumir a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, em novembro de 2003, Luiz Fernando Corrêa coordenou o grupo de inteligência da Polícia Federal que fazia parte da força-tarefa criada para investigar e combater o crime organizado no Rio de Janeiro.

Atuou como agente de polícia federal na repressão e prevenção a entorpecentes durante 14 anos, antes de se tornar delegado, em 1996. Participou como representante da Polícia Federal na CPI do Narcotráfico no Rio Grande do Sul no ano de 2000. Como delegado regional na Superintendência do DPF no Distrito Federal, estruturou a área de inteligência com base em tecnologia de última geração, tendo conduzido com êxito uma investigação sobre grilagem de terras públicas a partir de 2001. Participou ainda da Missão Especial de Combate ao Crime Organizado no Espírito Santo sendo responsável pela instalação e coordenação da área de inteligência policial no Estado, entre julho e outubro de 2002.

À frente da Senasp, Corrêa tem executado as diretrizes do Plano Nacional de Segurança Pública do governo Lula. Uma de suas principais missões é o desenvolvimento dos Gabinetes de Gestão Integrada (GGI) entre as polícias, Justiça e autoridades locais em cada um dos estados. Hoje todas as unidades da federação já implantaram o Gabinete.

Também é responsável pela criação, em agosto de 2004, da Força Nacional de Segurança Pública, que tem como objetivo dar suporte aos estados no combate da violência. A Força é composta pelo efetivo selecionado de grupos táticos e de forças especiais das Polícias Militares e Bombeiros Militares. O grupo de elite é semelhante à força de paz da ONU e atua quando acionado pelos estados em situações de crise que exijam reforço na segurança.

No início de 2007 foi eleito representante da Associação Internacional de Chefes de Polícia (IACP) na América do Sul.

Fontes: JB e Ministério da Justiça