Era para ser o marco inicial de uma nova fase da Geap, mas a apresentação realizada na tarde de ontem (16) pelo Ministério do Planejamento para contextualizar a atual situação da operadora de saúde ficou marcada por reclamações e pela confirmação de que o governo não tem planos de reajustar o per capita dos servidores em 2014. A notícia revoltou os representantes classistas presentes ao evento, que esperavam maior contrapartida do governo em razão dos altos reajustes que vem sendo praticados pela Geap.
O evento foi organizado pelo Ministério do Planejamento para apresentar os resultados do processo de intervenção pelo qual passa a Geap. De acordo com os dados apresentados pelo interventor Aubiérgio Barros de Souza Filho, a Geap saiu de um saldo negativo de R$ 37 milhões em dezembro de 2012 para um patrimônio positivo de R$ 32,5 milhões em agosto deste ano. Ainda segundo Aubiérgio, graças aos esforços empreendidos pela equipe interventora, a Geap seria hoje a única operadora de saúde sem dívidas de 60 dias com as prestadoras, visando retomar a credibilidade da marca.
A outra palestrante da tarde foi a secretária de gestão pública do Ministério do Planejamento, Ana Lúcia Amorim, que justificou as mudanças na forma de contratação da Geap pelos órgãos públicos. Desde outubro, o Planejamento firmou convênio único com a Geap abrangendo todos os órgãos da Administração Direta (ministérios), eliminando a prática anterior de realização de múltiplos convênios. Segundo ela, o objetivo é facilitar a adesão dos servidores à Geap.
Para marcar essa nova fase, a Geap vai ganhar inclusive uma nova marca: Geap Autogestão em Saúde.
Reajustes – De acordo com Aubiérgio, a prioridade da equipe interventora foi garantir o equilíbrio econômico-financeiro da Geap, ponto estratégico para permitir um futuro aumento da rede credenciada. “Nenhuma prestadora iria aceitar trabalhar conosco se continuássemos devendo honorários”. A partir de agora, as metas incluem ampliar a rede em todo o Brasil.
Na avaliação da ex-conselheira da Geap, Ana Luisa Dallago, o governo erra ao buscar sanar os problemas financeiros através do sacrifício dos assistidos pela Geap. Segundo ela, o valor dos planos se tornou impraticável para a maior parte do funcionalismo, inclusive para os profissionais do Ministério da Saúde, que criaram a Geap. “Hoje eu não posso dispor de um terço do meu salário, que é o menor do funcionalismo, para pagar a Geap”, protestou, afirmando que a Geap está se voltando somente para a “elite do serviço público”.
As colocações de Ana Luisa levaram a indagações sobre os planos do governo para o futuro. O primeiro questionamento foi a respeito de aumento em 2014 do per capita pago aos servidores. “Não haverá aumento, pois não temos previsão orçamentária para isso”, afirmou o secretário de relações de trabalho Sérgio Mendonça. “Mas é algo que pode mudar no decorrer das negociações com as entidades de classe”.
Durante o debate com os sindicalistas, o governo também fez uma equivocada defesa do modelo de saúde do SIASS (Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor), prontamente rebatida pela suplente do SINPECPF, Jacqueline Rodrigues Fernandes. “O SIASS não funciona para a Polícia Federal. É tão somente uma repartição para homologar atestados médicos, quando nossos servidores anseiam por atendimento de verdade”. Ao final, ela ainda fez uma provocação em tom de brincadeira, questionando se algum dos representantes do governo ali presentes era associado à Geap. Nenhum deles é.
Foto: Anfip
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