Ex-presidente do PL é acusado por causa de informações contraditórias à Justiça e ao Fisco
O Ministério Público Federal denunciou por crime fiscal o ex-deputado Valdemar Costa Neto, ex-presidente nacional do PL envolvido no escândalo do mensalão. Segundo a denúncia, Costa Neto omitiu informações à Receita Federal nas declarações de renda de 2000 a 2005. A denúncia foi enviada para o procurador regional eleitoral Mario Bonsaglia. Costa Neto teria omitido informações em suas declarações de bens à Justiça Eleitoral. Em 2002, quando foi eleito pela última vez, Costa Neto declarou ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) patrimônio de R$3 milhões. No mesmo ano, declarou à Receita possuir bens no valor de R$1,3 milhão.
O MP concluiu que Costa Neto omitiu bens ao cruzar suas declarações de renda com a movimentação bancária. Os valores de CPMF pagos não batem com as declarações. Segundo o procurador Matheus Baraldi Magnani, de Guarulhos (SP), Costa Neto omitiu valores entre 2000 e 2005.
– Temos informação de que as divergências aconteceram entre 2000 e 2005. Em 30 dias esperamos um resultado do levantamento – disse ele.
Costa Neto teria praticado crime de omissão de renda de origem não declarada, cuja pena vai de dois a cinco anos de cadeia. Segundo o Ministério Público, em 2000 Costa Neto recebeu 11 depósitos que totalizam R$188 mil e não consegue justificar a origem do dinheiro. Por conta disso, ele foi multado em R$135 mil pela Receita. Nas próximas semanas o MP deve pedir a quebra do sigilo bancário dele.
A investigação começou há cinco meses com base nas denúncias de enriquecimento ilícito feitas pela ex-mulher de Costa Neto, Maria Cristina Mendes Caldeira.
“PL não comenta ações do MP e do Judiciário”
Costa Neto era presidente do PL em 2002, quando o partido se aliou ao PT na disputa presidencial. Foi acusado de ter recebido pelo menos R$6,5 milhões do valerioduto. Antes que a Câmara votasse sua cassação, ele renunciou, em agosto do ano passado, e agora tenta voltar à Câmara pelo PL. Ele foi incluído pela Procuradoria Geral da República entre os 40 políticos que teriam participado do mensalão. Procurado pelo GLOBO, Costa Neto não quis se pronunciar. Por meio de assessores, informou que o PL não comenta ações do MP e do Judiciário porque respeita a independência entre os poderes republicanos.
Ricardo Galhardo
O Globo
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