As caixas-pretas do Boeing 737-800 da Gol e do jato Legacy, que se chocaram no ar dia 29 de setembro, causando a morte de 154 pessoas, confirmam: o transponder do Legacy estava inoperante no momento da colisão com a aeronave da Gol. Também segundo a leitura das caixas-pretas, o Legacy se comunicou com a torre de controle de Brasília pouco antes de sobrevoar a capital federal. O transponder é um equipamento que transmite dados do avião para o controle de vôo, inclusive para o sistema anticolisão. As informações foram dadas ontem pelo ministro da Defesa, Waldir Pires.
A análise dos equipamentos foi feita em Ottawa, no Canadá, e chegou quarta-feira ao Rio de Janeiro, trazido pelo presidente da comissão que investiga o acidente, coronel Rufino Antônio Ferreira. Depois de conversar com Rufino, o ministro disse que a transcrição das caixas-pretas confirma que o transponder do Legacy não estava em operação no momento da colisão. Mas ainda não há confirmação se o aparelho estava desligado ou quebrado ou se houve interrupção devido a uma pane do avião.
O ministro Waldir Pires afirmou que houve uma comunicação entre o piloto do Legacy e o centro de controle de vôo antes de passar por Brasília. O piloto teria informado que voava a 37 mil pés. Segundo o ministro, os operadores de vôo sabiam da posição, mas esperavam que o jato cumprisse o plano de vôo, baixando para 36 mil pés entre Brasília e a posição Teres.
A comissão que investiga o acidente ainda vai complementar a análise das caixas-pretas com outros dados e novos depoimentos. O delegado da Polícia Federal Renato Sayão, responsável pelo inquérito que investiga o acidente, esteve no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) de Brasília na quarta-feira.
Os técnicos mostraram a ele a reconstituição do trajeto das duas aeronaves. Sayão ainda vai buscar outras informações antes de ouvir os controladores de vôo das torres de controle de Manaus, Brasília e São José dos Campos. Hoje, ele vai ouvir um técnico da Embraer, fabricante do Legacy, que explicará o funcionamento do avião.
Ontem, o Instituto Médico Legal (IML) de Brasília anunciou a identificação do penúltimo corpo entre as 154 vítimas do desastre aéreo.
Valor Econômico
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