O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou ontem que a melhor contribuição que o governo federal pode dar neste momento é o compartilhamento de inteligência. “A crise de São Paulo parece ser de inteligência, de gestão”, disse, argumentando que ela ocorre desde maio. “A situação em São Paulo é muito grave, é uma situação que precisa ser vigiada, trabalhada nesse ambiente de cooperação”, afirmou. “Essa cooperação já está acontecendo na prática. Tudo o que a Polícia Federal detecta nas atividades de inteligência passa para as forças de segurança de São Paulo.”
A cooperação entre todos os partidos, avaliou, é fundamental. “Não é possível que uma situação como essa, em que estão morrendo pessoas, seja objeto de disputa eleitoral. Este é um ano difícil, mas é preciso que todos os agentes públicos mantenham essa consciência. É importante reiterar: a crise não pode ser objeto de disputa eleitoral nem de guerra política.”
Bastos, que hoje se encontra com o governador Cláudio Lembo, explicou que a crise de São Paulo, apesar de grave, não justifica uma intervenção federal e a União só pode agir a pedido da autoridade estadual. “Nós estamos à disposição. A Força Nacional de Segurança, que neste momento atua em dois Estados, está pronta para entrar em ação em São Paulo. Temos ainda as Forças Armadas, com brigadas treinadas, mas o juiz da presença dessas forças é o governo estadual”, reforçou.
CATANDUVAS
Da mesma forma, ele afirmou que a transferência de detentos de São Paulo para a penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná, só depende da iniciativa do governo paulista e do aval da Justiça. “Estamos esperando que comece o processo de transferência. As vagas estão asseguradas”, disse.
Com capacidade para 208 presos em celas individuais de segurança máxima, o presídio foi inaugurado há três semanas. Bastos relatou que já conversou com autoridades do governo de São Paulo, informando da disponibilidade de vagas. Para ele, quanto mais cedo ocorrer a transferência dos líderes do PCC, mais eficiente será a desarticulação de seu poder. Ele lembrou que, entre outras coisas, no presídio não há chance de uso de celulares, como nos presídios paulistas: “Em Catanduvas não entra. Não vai haver a menor possibilidade disso.”
Vannildo Mendes / O Estado de S. Paulo
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