Os problemas que afligem os servidores administrativos da PF foram formalmente apresentados à Secretaria-Geral da Presidência da República ontem (14), em reunião do SINPECPF com o assessor especial José Lopes Feijóo realizada em São Paulo. No encontro, o sindicato destacou a carência de pessoal administrativo enfrentada pela PF e as práticas de terceirização irregular e de desvio de função de policiais, defendendo a reestruturação da carreira administrativa como solução para tais questões.
Após agradecer à Presidência da República pela oportunidade, a presidente Leilane Ribeiro de Oliveira explicou que o SINPECPF é um sindicato modesto devido à escassez de servidores administrativos na PF. “Hoje, somos apenas 2516 servidores na ativa”, revelou, alertando que o número é bastante inferior às necessidades da PF. “Levantamento do próprio órgão estima que deveríamos ser pelo menos 7 mil”, pontuou.
O sindicato destacou que o baixo contingente administrativo é o responsável direto pelas práticas de terceirização irregular e de desvio de função de policiais. As deficiências decorrentes de tais procedimentos acabariam na conta do contribuinte brasileiro. “A PF adota soluções paliativas que comprometem a qualidade do serviço”, sustentou a presidente. Ela lembrou ainda as constantes queixas sobre o atendimento prestado por terceirizados e as contínuas reclamações sobre a falta de policiais, em especial na região de fronteiras. “A lógica é simples: faltam policiais porque eles estão deslocados para postos de trabalho administrativos”, denunciou.
As denúncias de crimes cometidos por terceirizados, muitas vezes em troca de quantias irrisórias de dinheiro, também não passaram em branco. “Isso compromete o nome da instituição”, frisou a diretora financeira Laira Giacomett de Carvalho. Outra preocupação foi “derrubar” a tese de que a terceirização seria econômica para a PF, uma vez que alguns terceirizados chegam a custar quase o dobro de um servidor administrativo. “Terceirização irregular e desvio de função de policiais são desperdício de dinheiro público”, enfatizou a equipe do SINPECPF.
Para o sindicato, a Presidência da República deve avocar a responsabilidade sobre a questão e tratá-la como prioridade, até como forma de oferecer respostas ao clamor social por melhorias na segurança pública. “A Presidência deve dialogar com o Ministério do Planejamento para reforçar a importância do tema. Estamos às vésperas de grandes eventos internacionais e a PF precisa estar corretamente estruturada para atuar neles de forma eficaz”, afirmou Leilane.
Carreira diferenciada – Feijóo considerou preocupante o cenário descrito pelo SINPECPF, mas apontou dificuldades políticas em atender a demanda do PECPF. “Como ficaria a situação das demais carreiras administrativas? Todas pedem reestruturação”, lembrou.
O SINPECPF passou então a destacar o caráter diferenciado dos servidores administrativos da PF. “Alguns de nossos colegas atuam diretamente em operações policiais. Outros são designados para receber e transportar materiais apreendidos em operações. Tantos outros têm acesso a dados sigilosos e sistemas sensíveis. Nenhuma outra categoria administrativa faz o que nós fazemos”, apontou o diretor jurídico Iran Ferreira Miranda.
Diante das colocações do SINPECPF, Feijóo concordou em falar com o secretário de relações de trabalho do Planejamento, Sérgio Mendonça, para pedir atenção especial dele ao projeto de reestruturação do PECPF. “Segurança é uma prioridade para o governo. Nem sempre podemos atender a todas as reivindicações de servidores, mas iremos analisar com carinho a situação de vocês”, afirmou.
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