A proposta de reestruturação da carreira administrativa da Polícia Federal finalmente chegou às mãos do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Em visita à Superintendência Regional de Minas Gerais na última sexta-feira (26), o ministro recebeu cópia do documento que detalha a principal reivindicação da categoria.
Coube ao colega Fábio Rodrigues Teixeira entregar diretamente a Moro o documento produzido pelo SinpecPF. Apesar da agenda apertada do ministro, houve espaço para um breve diálogo entre os dois: “Deixei claro que a nossa reivindicação transcende a questão corporativista, constituindo uma verdadeira necessidade da PF”, explica Fábio, que aproveitou seus poucos segundos para explicar que a carreira administrativa ficou à margem das melhorias obtidas pela carreira policial nos últimos anos.
Em resposta ao colega Fábio, Moro afirmou reconhecer a necessidade de valorização da carreira administrativa, comprometendo-se a analisar a demanda apresentada.
Vale ressaltar que a proposta entregue a Moro esclarece de forma detalhada porque a reestruturação da carreira administrativa é tão importante. O documento reúne dados sobre diversas questões atinentes à categoria, entre elas a grave carência de pessoal administrativo enfrentada pela PF — decorrente, em parte, do massivo êxodo de servidores nos últimos anos —, o descompasso de contingente em relação à categoria policial, os problemas advindos dos desvios de função de policiais e da terceirização irregular, entre outros.
Como solução para esses problemas, o sindicato propõe que a carreira administrativa seja reestruturada, com a devida regulamentação do exercício de atribuições de fiscalização e de controle por seus integrantes. Outro ponto abordado pelo sindicato é a necessidade de correção da amplitude salarial da categoria — atualmente irrisória, especialmente entre os cargos de nível intermediário.
Colegas, sabemos que não irão fazer nada por nós. Vários anos recebendo “não”. Mas nós não estamos em desvio de função. Podemos caminhar de cabeça erguida. Somos bons profissionais. Desempenhamos nossa rotina administrativa testemunhando prefeitura de prédio ocupada por policiais. Nutran ocupada por vários policiais. Passaporte ocupada por policiais. Protocolo ocupado por policiais. RH ocupado por policiais. Selog ocupada por…peritos. Não nos importa. Eles é que deveriam andar de cabeça baixa, escondidos. O pessoal da Academia Nacional de Polícia também deveria andar de cabeça baixa, pois se intitulam como “academia policial mundialmente exemplar” (e de fato é), mas de que adianta tal título se os egressos de lá desempenham a “perigosa” rotina de comandar troca de lâmpadas de corredores? Ou então, comandando terceirizados na conferência de passaporte? Ou então, no protocolo/ No RH conferindo folha ponto? No Nutran levando viaturas para abastecer é necessário passar pela academia de policia? Não, colegas. Não tenhamos vergonha. Eles é que deveriam ter vergonha de receber um salário astronomico (receberam 40% de aumento real em plena recessão histórica brasileira) para ter uma rotina puramente administrativa. Milhares deles Brasil afora. Milhares. Continuemos em nossa rotina administrativa, com nosso salário defasado, sem aumento há vários anos, com perda real. Continuemos com cabeça erguida, orgulhosos de ser profissionais administrativos.