Depois dos policiais que entraram em greve nesta segunda-feira, agora são os servidores administrativos da Polícia Federal que ameaçam cruzar os braços. Tudo depende do resultado da reunião a ser realizada com representantes do Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e do Sindicato Nacional dos Servidores do Plano Especial de Cargos da PF (SINPECP), na terça-feira da semana que vem. Na quarta-feira passada, eles interromperam as atividades por 24 horas.
Entre as reivindicações da categoria, estão a reestrutração do plano de cargos e salários e a alteração do nome do cargo de técnico administrativo para técnico da Polícia Federal. Caso os servidores administrativos se decidam pela greve, S
serviços como tramitação dos inquéritos, andamento das operações, além da emissão de passaportes e prorrogação de vistos serão prejudicados.
De acordo com a presidente SINPECPF, Hélia Cassemiro, os servidores são contra a terceirização de serviços específicos da carreira, bem como o desvio de função dos funcionários da área administrativa. “Servidores estão fazendo o trabalho dos colegas policiais federais, e servidores da carreira policial federal fazendo trabalhos dos colegas da área administrativa, sem remuneração nem treinamento compatíveis”, garantiu.
Dentro da reestruturação do plano de cargos, os servidores pedem a realização de concurso público e reajuste salarial. O índice pedido ainda não foi definido por eles, mas pode chegar a 50%, segundo Hélia Cassemiro. “Estamos abertos a negociações. O que não pode é um delegado fazer serviços que são nossos. Enquanto eles ganham R$ 17 mil, nós ganhamos R$ 2 mil”, reclama. “Eu trabalho há 20 anos e ganho R$ 2 mil. Quem entra hoje recebe o mesmo valor, é um absurdo”, desabafa.
Segundo Hélia, desde 2005 a classe tenta negociar com o Governo Federal, mas nunca houve uma resposta concreta. “O governo tem que rever nossa situação. Afinal, é o contribuinte que sai prejudicado. Ele paga os salários de policiais que deveriam estar cuidando da segurança e, atualmente, exercem atividades administrativas”, explica. De acordo com a presidente do SINPECPF, se as negociações não avançarem, será definido o calendário de paralisações que devem atingir todo o país.
Para o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do DF, Joel Zarpellon Mazo, a reestruturação do plano de carreira dos servidores administrativos da PF deve ser feita com urgência. “O que acontece é que como eles não têm cargos definidos acabam em tarefas que não são deles”, disse. “Com isso acabam desenvolvendo indiretamente tarefas que são dos policias”, destaca. Em alguns casos os servidores atuam como motoristas em operações policiais, por exemplo.
De acordo com Mazo, algumas áreas policiais, ainda com carências de efetivo, não aceitam colocar em operação pessoas da área administrativa. “Como é que se explica uma pessoa estranha em uma operação policial”?, questiona. “Por isso que é preciso estruturar os cargos do povo administrativo urgentemente”, acrescenta. No caso de policiais que atuam no administrativo, Mazo disse que isso acontece esporadicamente, quando há alguma carência apenas.
A reportagem tenta contato com o Governo Federal para comentar o assunto.
Polícia Federal
Desde esta segunda-feira, os policiais federais entraram em greve. Como forma de pressionar o Governo, eles prometem realizar amanhã a operação padrão em todos os aeroportos do país. Mas desta vez a situação pode ficar ainda mais crítica. Isso porque eles pretendem verificar a documentação de todos os passageiros que estiverem embarcando, como manda a lei. Atualmente, esse procedimento é feito somente com os viajantes com destinos internacionais. Se cumprirem o prometido, filas deverão ser formadas, o que devem ocasionar atrasos nos vôos.
A reivindicação da categoria é o cumprimento do acordo feito com o governo Federal em junho do ano passado: reajuste de 60%, dividido em duas parcelas. Hoje, o salário de um agente federal em início de carreira é de R$ 4,4 mil, e de um delegado, R$ 8,9 mil.
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Do CorreioWeb
Atualizada às 14h01 17/04/2007
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