Conquistar um cargo público é o sonho de milhões de brasileiros, especialmente em tempos de crise. Para eles, a agente administrativa da Polícia Federal Gabriela Melo é um exemplo a ser seguido. Em reportagem do portal G1 publicada nesta quinta-feira (16), a colega conta um pouco sobre sua trajetória na busca por uma vaga na PF.
Enquanto muitas pessoas esmorecem ao menor sinal de dificuldade, Gabriela seguiu em frente, ao longo de 10 anos, até conquistar a tão sonhada vaga. "Só quem já passou por isso sabe o que é ver seu nome no Diário Oficial. É o aplauso público por toda sua luta e sofrimento que ninguém vê”, relatou a colega ao G1.
Gabriela foi aprovada no concurso de 2014, última seleção realizada para a categoria, enfrentando 32 mil candidatos por uma vaga para o estado do Rio de Janeiro. Para seguir seu sonho, a colega decidiu abrir mão da carreira que tinha na Marinha, onde estava prestes a ser promovida a sargento.
A perseverança de Gabriela proporcionou a abertura de novas portas para a colega. Hoje ela atua como coach de “concurseiros” que seguem lutando por uma vaga no funcionalismo. O trabalho consiste em ajudar os candidatos a descobrir qual seria o cargo mais apropriado ao perfil de cada um, bem como passar dicas de estudo e de planejamento para uma aprovação mais rápida. "Se o candidato tiver orientação, talvez ele não precise esperar 10 anos, como eu, para ser feliz. Ele pode encurtar o caminho", ressaltou ao G1.
Categoria qualificada, mas pouco valorizada — A história de Gabriela ressalta alguns pontos a respeito da carreira administrativa da Polícia Federal. Mesmo com os problemas enfrentados pela categoria, ainda é enorme a quantidade de pessoas que lutam para fazer parte dela, assim como é cada vez maior o nível de conhecimento desses candidatos. “Isso atesta a qualidade do servidor administrativo da PF. São profissionais qualificados, selecionados por meio de concursos disputadíssimos”, avalia o presidente do SINPECPF, Éder Fernando da Silva.
Infelizmente, nem todos permanecem na categoria administrativa. Na reportagem do G1 a própria Gabriela não esconde o sonho de mudar de cargo, provavelmente almejando um posto na carreira policial federal. A evasão de profissionais é um dos maiores problemas enfrentados pela categoria, que hoje atua com efetivo abaixo do ideal. “A carreira não é atrativa. A progressão salarial é ínfima e os colegas acabam optando por melhores oportunidades em outros órgãos ou na iniciativa privada”, explica o presidente.
Outro ponto chama atenção na história da colega é a coincidência de datas: os dez anos de estudo de Gabriela correspondem ao período em que a categoria administrativa amargou falta de concursos (2004 – 2014). Este hiato, somado ao êxodo de servidores, compromete ainda mais a manutenção do efetivo. “Nossa necessidade de pessoal é enorme. Não podemos permanecer sem concursos durante tanto tempo. A falta de administrativos compromete os trabalhos da PF e resulta em terceirizações irregulares e desvio de função de policiais federais”, observa Éder.
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