Em discursos pelo país afora, o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, gosta de repetir que o bom policial é aquele que permanece “anônimo”, realizando seu trabalho sem buscar nele reconhecimento pessoal, mas sim o cumprimento da lei e o crescimento da instituição policial federal.
A julgar pelo conteúdo da mensagem de agradecimento pelo trabalho desenvolvido na Copa do Mundo, publicada na Intranet na última sexta-feira (18), o diretor-geral deve achar que o bom administrativo é aquele que permanece “invisível”, afinal, em gesto de profunda falta de sensibilidade, ele agradece tão somente aos policiais federais pelo empenho demonstrado durante o período da competição, não citando a vital participação da categoria administrativa para o sucesso dos trabalhos.
Não é preciso lembrar ao diretor-geral que centenas de administrativos entraram em campo e atuaram diretamente nas operações da Copa do Mundo. Não fosse o trabalho desenvolvido pelos Agentes de Telecomunicação e Eletricidade, como seria feita a telecomunicação nas operações? Dos 846 mil estrangeiros que entraram no país durante a competição, é possível quantificar quantos foram atendidos por servidores administrativos? E todo o suporte logístico prestado antes e durante o evento — que inclui desde a compra de equipamentos até o lançamento de diárias, entre tantas outras tarefas —, será que não foi importante?
O “ato falho” da Direção-Geral mostra que o maior problema da Polícia Federal é mesmo a incapacidade dos gestores do órgão de olhar ao seu próprio redor. Se assim o fizessem, já teriam notado a revolta e o constrangimento causados em nossa categoria sempre que omissões como esta acontecem.
Para piorar, nos últimos anos, o SINPECPF criticou por diversas vezes comunicados e discursos que mencionavam apenas a categoria policial. Logo, a omissão dessa sexta-feira ocorreu não por falta de aviso, mas por falta de tato.
O SINPECPF seguirá criticando e protestando contra gestos como esse e toda a categoria precisa fazer o mesmo. Não se trata apenas de querer ter o ego massageado, mas sim de mudar a cultura institucional. Hoje, foi uma mensagem. Amanhã poderá ser um projeto de lei com benefícios para a instituição. Fazemos parte da PF e não podemos ficar invisíveis. Temos de levantar a cabeça e lembrar que a Polícia Federal somos todos nós.
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