Conselho absolve Suassuna, Serys e Magno Malta. “Por ora, estou muito enojado da política”, diz senador paraibano
O Conselho de Ética do Senado livrou ontem da cassação os três senadores acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. A absolvição coletiva aconteceu numa reunião que durou apenas três horas. A única punição aprovada ontem foi censura verbal ao senador Ney Suassuna (PMDB-PB), contra quem pesavam as acusações mais fortes.
O relator do processo, senador Jefferson Péres (PDT-AM), havia recomendado a perda do mandato de Suassuna, mas seu parecer sequer foi votado. Prevaleceu um voto em separado de Wellington Salgado (PMDB-MG), aliado do paraibano, que pedia a censura verbal a Suassuna, aprovada por 12 votos a dois. Por unanimidade, o conselho arquivou ainda os processos contra Serys Slhessarenko (PT-MT) e Magno Malta (PL-ES), também acusados pela CPI.
O clima no conselho era amistoso, e não lembrava nem de longe as acirradas disputas que envolviam PT contra PFL e PSDB. Pelo contrário. Os senadores desses partidos votaram juntos e trocaram elogios. Suassuna contou com os votos de senadores da oposição como Artur Virgílio (PSDB-AM), Heráclito Fortes (PFL-PI), Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e Sérgio Guerra (PSDB-PE). Apenas Jefferson Péres e Demóstenes Torres (PFL-GO) votaram contra a censura verbal.
No caso de Serys, a adesão da oposição foi unânime: foi absolvida por 13 a 0. O relator do processo, Paulo Octávio (PFL-DF), concluiu que nada foi constatado contra ela e recomendou o arquivamento. A petista recebeu o apoio, e o voto, até de Antero Paes de Barros, seu adversário político em Mato Grosso e com quem disputou o governo do estado este ano. O tucano não poupou elogios a Serys.
Demóstenes Torres, relator do caso de Magno Malta, também pediu o arquivamento do processo. O senador do Espírito Santo foi acusado de quebrar o decoro ao usar um carro, um Fiat Ducato, em troca de apresentação de emendas para a saúde no Orçamento da União e que beneficiariam a Planam, empresa de Luiz Antônio Vedoin. O relator não concluiu pela culpa de Malta.
Suassuna foi acusado por Jefferson Péres de ter sido negligente ao ter concedido poderes demais a seus assessores. Um deles, Marcelo Cardoso, recebeu recursos da Planam, a empresa ligada à máfia dos sanguessugas. O senador disse que nada sabia, nem que seus funcionários assinavam o nome dele nas emendas. Wellington Salgado defendeu a censura verbal para Suassuna porque ele “deixou de observar deveres e preceitos”. Os senadores Valdir Raupp (PMDB-RO), Leomar Quintanilha (PCdoB-TO) e Juvêncio da Fonseca (PSDB-MS) chegaram a apresentar um voto em separado defendendo o arquivamento do processo contra Suassuna.
Após se livrar da cassação, Suassuna negou que seu processo virou pizza e acusou a imprensa de ser injusta com ele. Afirmou que vai voltar à sua vida de empresário:
– Volto a cuidar dos meus negócios, dos meus shoppings e empresas, que tenho em vários estados e vários países. Volto a ser um cidadão comum.
Suassuna, derrotado para reeleição ao Senado, disse ainda que é cedo para decidir se continuará na vida pública ou não.
– Por ora, estou muito enojado da política – disse.
Ligado à igreja evangélica, Magno Malta afirmou ao longo da discussão que viveu “quatro meses de Sexta-Feira da Paixão e que hoje, enfim, seu domingo de Páscoa chegou”. Ele revelou ainda que, durante todo esse período, não teve coragem de enfrentar a opinião pública e viajava sempre de carro para o Espírito Santo, evitando avião.
– Se não tiver uma relação com Deus, o sentimento é de atentar contra a própria vida. Não desejo 1% desse calvário que vivi a ninguém – disse Magno Malta.
Logo após sua absolvição, Serys foi cercada pelos petistas do conselho – como Ideli Salvatti (SC), Sibá Machado (AC), Ana Júlia (PA) e Fátima Cleide (RO) – que a abraçaram. Serys chorou emocionada.
O Globo
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