Quadrilha é acusada de retirar recursos de área indígena de Mato Grosso
A Polícia Federal prendeu ontem 37 pessoas acusadas de explorar ilegalmente madeira em uma área indígena onde vivem três etnias de Mato Grosso. A Operação Kayabi, como é chamada, empregou cerca de 100 agentes e abrangeu os Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Sergipe, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A maioria das prisões (32) aconteceu em Mato Grosso. Um dos acusados e que teve prisão decretada é Moacir Pires de Miranda Filho, ex-secretário estadual de Meio Ambiente. Ele fora preso na Operação Curupira em junho do ano passado. Foi demitido à época. Até o fechamento desta edição, a PF ainda não o havia encontrado.
O juiz federal Julier Sebastião da Silva, de Cuiabá, determinou a prisão temporária de 106 pessoas. Elas são investigadas por formação de quadrilha, invasão de terras públicas, destruição de área de preservação, aquisição de madeira sem licença, dano a florestas nativas e extração de recursos minerais sem autorização. A PF investiga a possibilidade da ocorrência de crime de genocídio, que seriam ações criminosas com o objetivo de, senão exterminar, ao menos causar grave lesão à integridade de grupos étnicos.
– Existe a suspeita. Até agora não há a constatação da ocorrência deste crime – disse o delegado Washington Clark dos Santos, que coordenou a operação. Acredita-se que os fazendeiros tenham contratado pistoleiros para intimidar os índios.
Um dos presos é Jacob Kuffner, servidor de carreira e ex-superintendente do Ibama entre os anos de 1995 e 99. Outro é Geraldo Rodrigues Pereira, funcionário da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). Os dois prestaram depoimento e foram levados para o presídio de Pascoal Ramos.
Os crimes ocorreram na área Kayabi, localizada no município de Apiacás, no extremo norte de Mato Grosso. Foi declarada terra indígena em outubro de 2002. Lá vivem cerca de 130 kayabis, 420 mundurukus e 90 apiacás, espalhados por 1 milhão de hectares. Acredita-se que o esquema tenha desmatado 30 mil hectares ilegalmente. Ainda falta a homologação da terra.
O Globo
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