Os aumentos de preços do álcool nas usinas, apesar de o setor estar em plena safra, já começa a se refletir nas bombas dos postos revendedores. Segundo dados da pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP), na semana passada, o álcool hidratado (combustível) estava custando no país, em média, R$ 1,611 o litro. Ou seja, quase 1% mais que na semana anterior (R$ 1,596).

No Rio algumas distribuidoras e postos já começaram a repassar os aumentos realizados pelos usineiros. É o caso do Posto Bracarense (BR, na Praça da Bandeira), que passou o litro do álcool de R$ 1,799 para R$ 1,899, alta de 5,55%.

O presidente em exercício do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Rio de Janeiro (Sindicomb), Manuel Fonseca, explicou que algumas distribuidoras já começaram a repassar os aumentos. Mas os reajustes, disse ele, ainda não estão sendo refletidos no preço final devido aos estoques do setor. Fonseca acredita, contudo, que até o fim da semana mais postos no Rio deverão elevar os preços. O dirigente do Sindicomb estima que o álcool deve subir R$ 0,03 por litro, e a gasolina, que contém 20% de álcool anidro, poderá sofrer reajuste em torno de R$ 0,02.

— Até o fim da semana os aumentos começam a se refletir nas bombas, infelizmente — disse Fonseca.

Petróleo fecha em queda, apesar de tensão no mercado

O vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), Alísio Vaz, destacou que cada distribuidora tem sua política de preços, mas que em algum momento terão de repassar para seus preços os aumentos nas usinas.

— Estamos muito preocupados com o forte crescimento da sonegação de impostos no álcool que está acontecendo em São Paulo. Isso significa perda de receita para a União, principalmente em PIS/Cofins, e volumes enormes do produto no mercado competindo de forma desleal — disse Vaz.

O álcool hidratado deveria estar sendo vendido em São Paulo por cerca de R$ 1,50 o litro, contra a média atual de R$ 1,32, segundo Vaz. O Sindicom estima que cerca de 30% do álcool no país, ou seja, 2,4 bilhões por ano, é ilegal. Isso equivale a uma sonegação de impostos de R$ 1 bilhão por ano.

O petróleo fechou em queda: os operadores estavam tensos com a situação no Oriente Médio, apesar do alívio já que o conflito não se expandiu para além do Líbano. Em Nova York, os contratos para agosto caíram US$ 1,73 dólar, a US$ 75,30 por barril. Em Londres, o tipo Brent para setembro recuou US$ 1,66, a US$ 75,92, após atingir nova máxima a US$ 78,18.

Ramona Ordoñez

O Globo

18/7/2006