Levantamento do site Fortuna mostra desempenho melhor da caderneta
Um levantamento feito pelo site Fortuna em 53 fundos de investimentos, entre 14 de junho e 14 de setembro último, mostrou que, em 51% dos casos, a poupança rendeu mais. O impacto da queda dos juros básicos da economia (Taxa Selic) vinha aproximando o rendimento da poupança dos fundos, cuja rentabilidade é pós-fixada.
A avaliação, que considerou apenas os fundos de curto prazo, DI e renda fixa com aplicação mínima inicial de até R$5 mil, apontou que, enquanto a poupança rendeu nesse período, em média, 2,07%, os fundos atingiram 2,12%, já descontado o Imposto de Renda.
Caixa espera captar R$58 bilhões este ano
Na opinião dos especialistas, a poupança se firma como uma opção para diversificar as aplicações. Prova disso é a captação líquida da Caixa Econômica Federal, que só nos últimos 90 dias chegou a R$1,5 bilhão.
– Nessa última queda da taxa de juros ficou mais evidente a opção da poupança como um investimento atraente. É um produto que reúne segurança, liquidez e rentabilidade para o investidor que quer diversificar seu portfólio – afirma do vice-presidente de Negócios Bancários da Caixa, Fábio Lenza.
Segundo ele, a Caixa espera ainda um forte aumento dos depósitos nos próximos meses, especialmente em novembro e dezembro, época do pagamento do décimo-terceiro. A previsão é fechar o ano com captação líquida (depósitos menos retiradas) de R$58 bilhões.
Segundo o economista Marcelo D’Agosto, do site Fortuna, para quem tem menos de R$5 mil para investir, a poupança pode ser uma boa opção, pelo menos até conseguir acumular um valor maior para se arriscar no mercado de fundos:
– O levantamento mostra que metade dos fundos até 5 mil perdeu da poupança, mas na faixa de R$5 mil a R$100 mil, poucos perderam. Nenhum com mais de R$100 mil perdeu.
Os principais atrativos da poupança são a facilidade para aplicar e a segurança. Recentemente, o governo aumentou o reembolso pelo Fundo Garantidor de Crédito, de R$20 mil para R$60 mil, em caso de quebra do banco. Além disso, não há exigência de valor mínimo nem cobrança de taxa de administração, como ocorre nos fundos de investimento.
São essas qualidades que atraem a estudante de direito Sílvia Amélia Walsh que, mensalmente, destina parte do orçamento familiar para a poupança que faz para a filha:
– É uma opção segura para quem não tem informação suficiente sobre outras aplicações.
O economista Victor Zaremba, autor de livros sobre finanças pessoais, considera a poupança um ponto de partida para quem não tem experiência.
– O pequeno investidor deve usar a poupança para acumular o dinheiro e depois migrar para um investimento melhor. Mas tem que estudar o mercado – ensina.
Algumas instituições estão oferecendo produtos alternativos à poupança. É o caso do Bradesco, que oferece o Hiper Fundo, um DI com sorteio de um carro e o HiperPoup, um CDB emitido pelo banco que, assim como a caderneta de poupança, possui rentabilidade vinculada à TR.
– O brasileiro gosta de promoção. Então, criamos produtos com o rendimento da poupança mas que oferecem algo a mais – explica Marcos Vilanova, diretor da área de investimentos do Bradesco.
O Santander lançou o fundo Multi Retorno Mais, que combina um fundo multimercado e um seguro que garante, no mínimo, o valor do capital investido acrescido do rendimento da poupança limitado à importância segurada.
– Queremos atrair quem aplica tradicionalmente na poupança mas busca maior rentabilidade sem risco – explica Edvaldo Morata, vice-presidente da área de Asset Management do banco.
Ana Cecília Santos
O Globo
ÚLTIMOS COMENTÁRIOS