A Polícia Federal indiciou o filho do governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), por “denunciação caluniosa” (pena de 2 a 8 anos de prisão) devido a uma suposta acusação forjada de crime eleitoral da qual foi vítima um deputado estadual petista. André Puccinelli Júnior trabalhou na campanha do pai como advogado.
O governador não é investigado no inquérito. A PF apura, porém, eventual responsabilidade dele. Se houver algum indício de participação, o inquérito seguirá ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A “armação” contra o deputado estadual Semy Ferraz (PT) ocorreu em 29 de setembro passado.
A PF foi informada sobre compra de votos. Dentro do carro de um funcionário de Ferraz foram encontradas 27 notas de R$ 20 grampeadas a santinhos do deputado, candidato derrotado à reeleição.
O funcionário prestou depoimento e foi liberado, pois a PF concluiu que a cena foi “forjada”.
Em depoimento à PF no dia 19 passado, Ferraz afirmou que o governador tinha intenção de prejudicá-lo porque, em 2003, quando Puccinelli era prefeito de Campo Grande, ele fez uma acusação sobre a contratação irregular pelo município de uma empreiteira registrada em nome de garis da prefeitura.
A PF investiga se Edmilson Rosa, funcionário da Secretaria Municipal de Obras de Campo Grande, colocou o material no carro para incriminar Ferraz. A secretaria municipal era comandada pelo atual secretário de Obras do governo, Edson Giroto.
Na semana passada, a PF fez apreensões na secretaria municipal, na casa de Rosa, de Puccinelli Júnior e também na gráfica Alvorada, do empresário Mirched Jafar Júnior, que recebeu cerca de R$ 560 mil por serviços na campanha do governador. Jafar e Rosa também foram indiciados.
Outro lado
A assessoria do governador informou que ele não comentaria o caso.
A reportagem deixou dois recados no escritório de Puccinelli Júnior e um no do advogado dele, Adriano Martins. Ambos não telefonaram de volta.
Em ação na Justiça Eleitoral na semana passada em que conseguiu proibir o Grupo Correio do Estado, dono do jornal de maior circulação de Mato Grosso do Sul, de publicar notícias envolvendo o nome dele, Puccinelli Júnior diz que é “investigado por suspeita de denunciação caluniosa”, mas alega que o inquérito está em segredo de Justiça. Não havia, porém, notícia sobre o indiciamento.
O empresário Jafar Júnior, dono da gráfica, e o advogado dele estão viajando. A reportagem não localizou o advogado Laudson Cruz, que defende Rosa.
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande
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