Delegado diz que espera conhecer origem do dinheiro antes do 2º turno, mas não divulgará
O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Daniel Lorenz de Azevedo, disse ontem que acredita que a instituição conseguirá saber antes do segundo turno das eleições, no dia 29, qual o origem do dinheiro que seria usado por petistas para a compra do dossiê contra candidatos tucanos. O superintendente justificou o otimismo afirmando que a PF está fazendo diligências que devem embasar a conclusão dos policiais. Mas disse que a investigação será mantida sob sigilo.
– A apresentação do relatório final até a data das eleições é difícil, mas muitas das respostas que a sociedade anseia acredito que teremos antes das eleições. Temos algumas diligências em curso e acredito que serão elucidativas quanto à origem do dinheiro. As investigações apontam num sentido que acho que será bem conclusivo.
O superintendente, porém, deixou claro que, mesmo que esclareça a origem do dinheiro, não a tornará pública. Sua intenção é encaminhar as conclusões ao Ministério Público, à Justiça Federal e ao diretor geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda.
– Se alguns desses órgãos quiser tornar público, que o façam.
A PF tem procurado não se envolver com a disputa eleitoral e teme ser acusada de estar a serviço de candidatos, como aconteceu depois que o delegado Edmilson Bruno entregou à imprensa, às vésperas do primeiro turno, fotos do dinheiro apreendido. O delegado responde a processo administrativo e foi acusado pelo PT de estar a serviço do PSDB, o que negou.
PF pede mais 1 mês para concluir inquérito; Berzoini depõe hoje
A PF vai pedir mais 30 dias para concluir o inquérito. O prazo vence amanhã. Hoje, o delegado Diógenes Curado Filho, que presidente o inquérito, ouve o depoimento do presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, em Brasília. Ainda não há data confirmada para o depoimento do empresário Abel Pereira, acusado de facilitar a liberação de recursos para os sanguessugas durante a gestão de Barjas Negri (PSDB) no Ministério da Saúde, em 2002.
Lorenz adiantou que a origem do dinheiro é uma das questões que a PF poderá esclarecer ou, ao menos, “ter uma boa tese” para ela antes do dia 29. Perguntado se os recursos poderiam ter vindo o jogo do bicho, o delegado deixou a suspeita em aberto.
— Talvez as investigações apontem para uma nova tese, talvez não tão antiga assim, mas bem interessante. As notas de pequeno valor não têm evidência de que tenham passado pelo sistema bancário.
Ontem, o procurador da República Mário Lúcio Avelar pediu ao juiz da 2ª Vara Federal, Jefferson Schneider, a quebra do sigilo bancário de Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o delegado Diógenes Curado Filho solicitou o mesmo de Hamilton Lacerda, ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Avelar quer esclarecer um depósito de R$396 mil feito na conta de Godoy no dia 5 de setembro, dez dias antes da prisão dos envolvidos com o caso do dossiê. O dinheiro seria proveniente do megainvestidor Naji Nahas, por meio da corretora do Banco Alpha. Nahas negou que tivesse realizado tal operação. No caso de Lacerda, a PF suspeita que possa haver algum depósito inexplicado em sua conta.
O superintendente da PF em Mato Grosso disse ainda que a polícia continua investigando a suposta participação de Freud Godoy no escândalo da compra do dossiê:
— Enquanto não houver relatório final, nada é descartado.
O Globo
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