A Polícia Federal (PF) está tentando descobrir um jeito de ouvir seu próprio chefe, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, no caso da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. O episódio já causou a queda de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda e de Jorge Mattoso da presidência da Caixa Econômica Federal.
Com dois meses de atraso, o inquérito, a cujos autos o Estado teve acesso, está inconcluso por causa de alguns pontos obscuros que o Ministério Público Federal quer esclarecer. Um deles é a confusa participação de dois assessores de Bastos na violação da conta – Cláudio Alencar, chefe de gabinete, e Daniel Goldberg, secretário de Direito Econômico. O relatório final está praticamente pronto, mas a recusa do ministro em depor espontaneamente está deixando de saia-justa o delegado Rodrigo Carneiro Gomes, encarregado do inquérito.
Por meio da assessoria, Bastos disse que nunca recebeu pedido da PF para depor e, se isso ocorrer, irá sem problema. Afirmou também que enviou ao delegado cópia do depoimento que prestou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Os assessores se reuniram com Palocci e Mattoso na casa do ministro, em 16 de março, logo após a violação do sigilo, e duas vezes no dia 17, mas esconderam o fato da polícia. Os dois prestaram depoimento em 2 de abril, quase três semanas após o episódio, e disseram que Palocci queria saber se poderia acionar a PF para investigar suspeita de que Nildo receberia suborno para atacá-lo.
Rosa Costa / O Estado de S. Paulo
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