Em nota, o diretor da IstoÉ, Domingo Alzugaray, negou qualquer envolvimento em ações irregulares, assegurando que a revista não compra documentos ou entrevistas
BRASÍLIA – A Polícia Federal está investigando um suposto envolvimento da revista IstoÉ na operação de compra do dossiê contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Os policiais trabalham com a hipótese de a revista ter sido usada numa triangulação na qual pagaria pelo dossiê e em troca ganharia a publicação de um caderno de propaganda financiado por uma grande estatal. Tal caderno é avaliado em R$ 13 milhões e sua divulgação estava suspensa desde a saída do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.
A PF quer saber se houve a liberação do dinheiro e se ele tem relação com os recursos usados para comprar os documentos para incriminar Serra. Do dinheiro vivo apreendido com os emissários encarregados de comprar o dossiê, num total de R$ 1,7 milhão, a polícia encontrou US$ 178 mil. Em nota, o diretor da IstoÉ, Domingo Alzugaray, negou qualquer envolvimento em ações irregulares, assegurando que a revista não compra documentos ou entrevistas. Ele afirma que a decisão de publicar as denúncias atingindo o nome de Serra deveu-se ao fato de que foram formuladas pelos empresários que têm pautado as investigações da CPI dos Sanguessugas.
No texto, Alzugaray afirmou temer “que as manobras diversionistas possam tirar do foco central as investigações sobre as graves denúncias a respeito da máfia das ambulâncias”. Em depoimento, o advogado Gedimar Pereira Passos contou muito pouco sobre a origem do dinheiro. Além de contar que a ordem foi dada pelo assessor especial da Presidência Freud Godoy, Gedimar acrescentou que teria recebido primeiro um lote de R$ 1 milhão de “uma pessoa branca, com aproximadamente 45 anos, cabelos negro carapinha, que se encontrava no interior de um táxi”. A segunda parte do dinheiro teria vindo de “pessoa de nome André, 1,75m, cabelo castanho, com aproximadamente 45 anos”.
O advogado confirmou que ficou “acertado que uma equipe de jornalistas se deslocaria a Cuiabá para realizar uma entrevista exclusiva com os Vedoin”. Ele mencionou ainda que na ocasião seria entregue “um arsenal de documentos” à Justiça Federal e ao Ministério Público para complementar as apurações sobre o esquema sanguessuga.
Expedito Filho / Estadão On-line
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