Um esquema de fraudes em concursos públicos e vestibulares foi desmontado na terça-feira (11) pela Polícia Federal do Amazonas, com a prisão preventiva de quatro alunos universitários de medicina e uma vestibulanda grávida de sete meses. Todos estão presos em celas da superintendência da PF, em Manaus.
Segundo a polícia, os alunos se inscreviam nos concursos, faziam as provas e depois transmitiam as questões por meio de mensagens de celulares para quem pagava de R$ 5.000 a R$ 30 mil pelas respostas. Não está descartado a participação de professores na emissão de gabaritos.
De acordo com investigação, entre 2001 a 2006, os alunos teriam fraudado vestibular e concursos para servidor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e dos concursos públicos da Susam (Secretaria de Saúde do Amazonas), além de concursos de órgãos públicos federais –como o da Manaus Energia, subsidiária da Eletrobrás, e o do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que aconteceu há duas semanas.
De acordo com o delegado da PF Jocenildo Cavalcante, a polícia pretende –por meio de cruzamento de informações dos documentos apreendidos– chegar aos nomes dos beneficiados pelo esquema e ao montante de dinheiro que o esquema faturou.
“Peritos estão cruzando os dados, que podem identificar as pessoas que foram beneficiadas”, disse Cavalcante.
A Polícia Federal chegou ao esquema de fraude nos concursos a partir de uma denúncia anônima e instaurou inquérito em fevereiro para investigar crimes de formação de quadrilha, estelionato e falsidade ideológica.
Ontem, a polícia montou a Operação Oráculo, com 25 policiais para cumprir os mandados de prisão e busca e apreensão. A vestibulanda Élida Rocha de Oliveira, grávida de sete meses, foi presa ao concluir a segunda prova do vestibular de Medicina na Ufam.
Em depoimento, ela disse que pagou R$ 5.000 para ter as respostas da prova ao estudante de medicina Carlos José Saraiva de Souza, residente da Ufam. Disse que ele mandou comprar dois celulares para receber as respostas. No entanto, as repostas não chegaram. Sua advogada, Goreth Terças, pediu ontem a revogação da prisão da vestibulanda.
Souza foi preso na cidade de Parintins (325 quilômetros de Manaus). Também foi preso o estudante Jamil dos Santos Castro, residente da Ufam na cidade de Humaitá. Em Manaus, foram presos Jefferson Martins Holanda e Cícero Inácio Oliveira, da UEA (Universidade Estadual do Amazonas).
O advogado de Carlos Souza e Jamil Castro, Klinger Santiago, disse que seus clientes negam participação no esquema. A advogada Denize Alfiero, que responde por Cícero Oliveira e Jefferson Holanda, afirmou que os estudantes também negam envolvimento nas fraudes.
KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus
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