A Polícia Federal chegou a três casas de câmbio pelas quais suspeita terem passado os dólares usados por emissários petistas na negociação do dossiê contra tucanos.
Uma delas, a Vikatur, fica na Baixada Fluminense, mesma região no Rio de onde a PF acredita que parte dos reais apreendidos com os petistas tenha vindo. As duas outras casas são a Diskline, em São Paulo, e a Centaurus, em Florianópolis.
Ao rastrear as transações feitas pela Vikatur, a PF reuniu informações de que pessoas pobres de uma mesma família adquiriram dólares em operações consideradas suspeitas. A hipótese mais provável é que sejam “laranjas” utilizados para encobrir os verdadeiros interessados na compra dos dólares.
A existência de muitos intermediários nessas transações tem sido a maior dificuldade dos investigadores que cuidam do caso para montar todo o percurso da moeda estrangeira até chegar às mãos de Hamilton Lacerda, identificado pela PF como a pessoa que levou o dinheiro a Gedimar Passos e Valdebran Padilha, os dois emissários do PT detidos no hotel Ibis, em São Paulo, com o R$ 1,75 milhão que seria usado na compra do dossiê. Lacerda coordenava a campanha do senador Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo até a crise.
A rota da moeda estrangeira começa num lote de US$ 29 milhões que chegou ao Brasil por meio de operações feitas pelo banco Sofisa entre agosto e setembro, e revendido a cinco corretoras, que por sua vez repassaram os dólares a mais de 30 instituições. Do R$ 1,75 milhão apreendido com os petistas, havia US$ 248,8 mil, dos quais US$ 110 mil estavam em notas seriadas que faziam parte do lote trazido pelo Sofisa. O problema é que, ao revender a moeda, o Sofisa não é obrigado a registrar –e não registrou– o número de série das cédulas.
A quebra de sigilo da Diskline revelou que a casa de câmbio vendeu, em uma operação, US$ 110 mil à Showbus, em São Paulo. Ela é uma empresa “fantasma”. Ela não tem telefone na lista e no seu endereço funciona um escritório de engenharia.
A Centaurus, que também teve seu sigilo quebrado, é alvo de uma denúncia recebida pela CPI dos Sanguessugas. Segundo o vice-presidente da comissão, Raul Jungmann (PPS-PE), a empresa teria vendido US$ 150 mil para Jorge Lorenzetti, ex-chefe da área de inteligência da campanha de Lula e apontado pela PF como o articulador da compra do dossiê.
Em relação aos reais, a PF tem indícios de que R$ 5.000 passaram por bancas de jogo do bicho na Baixada Fluminense.
Fonte: www.folhaonline.com.br
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