Gabrielli diz que não vai repassar volatilidade do preço internacional
O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, reafirmou ontem que “não faz parte da estratégia da estatal repassar aos preços da gasolina e do diesel a volatilidade do preço do petróleo no mercado internacional”.
“Ontem, o barril estava em US$ 78 e hoje, em US$ 72. Não dá para repassar para os nossos preços uma volatilidade ocasionada ora por furacões, tsunamis, ora por qualquer crise no Oriente Médio, como é o caso agora do Irã”, afirmou o executivo, em palestra para cerca de 300 empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), onde apresentou o planejamento da companhia para os próximos cinco anos.
Segundo Gabrielli, a Petrobrás atua num cenário bastante diferente das demais companhias petrolíferas no mundo e, por isso, precisa evitar a alta constante dos preços no mercado interno. “Pelo menos 85% da nossa receita vem do mercado nacional, ao contrário de outras companhias”, observou.
Além disso, “o Brasil é o único país que tem álcool concorrendo com a gasolina e tem 70% dos novos carros sendo comprados com sistema flex”. “Qualquer alteração nos nossos preços significa perder mercado.”
Gabrielli alertou para o risco de a Petrobrás ficar impossibilitada de cumprir o índice de 65% de conteúdo nacional, apesar de hoje a oferta da indústria nacional estar acima desse índice nos recentes projetos.
“Já encontramos dificuldade na contratação de certos equipamentos e a mão-de-obra é escassa em algumas áreas”, disse, lembrando que o problema é mundial, já que o aquecimento do setor, com o aumento do preço do barril, faz com que a demanda por equipamentos cresça.
O melhor preparo da indústria nacional para atender ao conteúdo mínimo foi um esforço que acabou contribuindo para que a Petrobrás corresse por fora e não ficasse tão dependente de fornecedores estrangeiros, que estão abarrotados de encomendas.
Kelly Lima
O Estado de S. Paulo
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