Receita vai oferecer declaração do Imposto de Renda já preenchida. Contribuintes só terão que aprovar os cálculos
A obrigação de preencher o formulário do Imposto de Renda, tarefa considerada difícil por grande parte dos contribuintes, deixará de ser fardo para alguns trabalhadores da iniciativa privada, servidores públicos federais, estaduais e municipais. Em dois anos, a Receita Federal vai oferecer a declaração do IR Pessoa Física pronta. Para validá-la, bastará ao contribuinte concordar com o cálculo apresentado.
O modelo — em fase de estruturação no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) — é inspirado em sistema implantado no Chile. No país vizinho, o contribuinte recebe a declaração já montada, incluindo os valores de imposto a pagar ou a restituir.
Cabe ao interessado aceitá-la ou não, apresentando o que de fato foi pago ou recebido. Isso é possível porque o governo tem essas informações, além de controlar as movimentações patrimoniais.
Diretor-presidente do Serpro, Marcos Mazoni explica que para setores que já operam com nota eletrônica — automobilístico, indústrias do tabaco e farmacêutica —, falta apenas implantar a escrituração eletrônica, que vai entrar em funcionamento a partir de 2009. “Vai substituir os livros de contabilidade das empresas e nos colocar em condições de, pelo menos no mundo empresarial, ter o Imposto de Renda pronto”, diz. Segundo Mazoni, é um trabalho de dois anos, já que, atualmente, é possível oferecer a todos os funcionários públicos.
Nesse caso, é necessário apenas sincronizar as bases de dados: “O Serpro já é responsável pela folha de pagamento. E saem das máquinas do Serpro as declarações de quanto cada funcionário recebeu por ano”.
Mazoni afirma que, no setor privado, a nota fiscal eletrônica e a escrituração eletrônica mostram quanto e a quem cada empresa pagou. Mas é preciso obter, com cartórios, informações sobre a variação patrimonial. Outra inovação é a simulação da declaração pelo modelo simplificado ou pelo modelo completo, com a chance de optar por pagar menos.
Para Fernanda Borges, 27 anos, a vantagem é pessoal: “Ano que vem, vou declarar pela primeira vez. O sistema poderia ficar pronto mais rápido, para eu não precisar pedir ajuda. É tão complexo”.
(Fonte: O Dia)
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