O recente Decreto Presidencial que autoriza os ministérios a firmar convênios com Estados e municípios para substituir servidores federais em greve é a mais nova contribuição do atual governo para a perpetuação de uma triste máxima: o Brasil é o país do jeitinho.
Ora, por que o governo se debruçaria no trabalho sério que é reestruturar suas carreiras de modo a melhorar a eficiência do serviço público quando pode tapar o sol com a peneira recorrendo a paliativos como o decreto em questão, ou à terceirização irregular e ao desvio de função?
No Brasil, convencionou-se pensar (e, por conseguinte, governar) apenas a curto prazo. Julga-se que mais importante que os índices de qualidade do serviço público são os de aprovação do governo. E daí se a saúde, a educação e principalmente a segurança estão em situação de descalabro? O que interessa é chegar às próximas eleições à frente nas pesquisas. Se acaso venha a derrota nas urnas, o próximo governo que se desdobre para arrumar a casa.
É claro que o país pode comemorar o crescimento do PIB e a escalada rumo ao topo entre as nações mais ricas. Esse ponto da lição de casa está sendo bem feito. Mas muito melhor seria que esse progresso se refletisse na qualidade de vida da população, algo que depende diretamente da qualidade do serviço público prestado.
Mais que uma batalha a ser vencida, a atual onda de manifestações de servidores públicos deve ser vista como uma oportunidade de estabelecer um ponto de virada. Sai o país do jeitinho, entra o país do futuro, com servidores motivados e serviço público de excelência. Educação, saúde e segurança são prioridades sempre e em todo lugar. Está na hora de o governo trabalhar soluções duradouras para os problemas que afligem tais setores.
Luis Felipe Silva – Assessor de comunicação do SINPECPF
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