Um dia depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) restringiu o direito de greve no setor público, servidores administrativos da Polícia Federal, em greve há 32 dias, caíram no samba, em frente ao edifício sede do órgão, animados pela bateria da escola Unidos do Cruzeiro (Aruc), campeã do carnaval de Brasília. A festa contou com a presença do mestre da bateria, Branca, da sambista Lia e da rainha da escola, a mulata Paloma, que agitaram a platéia, formada por cerca de 200 manifestantes.
A apoteose ocorreu no palco em frente ao prédio, ao lado das bandeiras do Brasil e da PF, onde a cúpula do órgão realiza a solenidade de hasteamento na primeira segunda-feira de cada mês. O comando de greve explicou que a festa já estava programada e não teve sentido de provocação. “Demos um sentido cultural ao movimento, como um diferencial ao modo tradicional de fazer greve”, disse a presidente do Sindicato, Hélia Cassemira. Ela previu tempos difíceis, por causa da decisão do STF, mas garantiu que a categoria não vai recuar.
Na última quinta-feira, o STF decidiu que os servidores públicos de todo o País que fizerem greve submetem-se à mesma lei aplicada aos trabalhadores das empresas privadas. Isso significa que os funcionários públicos grevistas podem ter o ponto cortado e o salário reduzido no valor correspondente aos dias parados. E devem garantir os serviços essenciais, como assistência à saúde. Enquanto o Congresso não aprovar uma lei regulamentando esse tipo de greve, valerá a orientação do STF.
Esta é a quarta greve que os administrativos da PF fazem esse ano em defesa do plano de carreira da categoria e um reajuste médio de 40%, escalonado. A atual começou em setembro. Desde o início, eles têm adotado táticas estranhas ao movimento sindical e bizarras para o ambiente da PF.
Já montaram em frente ao prédio, conhecido como “máscara negra” por seu aspecto sombrio, um parque de diversões e promoveram torneio de futebol de sabão. Na semana passada, a animação ficou por conta da performance de um grupo de “drag queens” cantando “macho man”.
O índice de adesão é de 90% e vários serviços importantes da PF estão prejudicados, entre os quais a emissão de passaportes. Por conta da decisão do STF, a tendência é o esvaziamento da greve.
Antes dela, a PF nunca cortou o ponto dos grevistas e não tinha como impor o comparecimento ao serviço. Agora, a direção do órgão avisou que vai descontar os dias parados e exigir a presença de pelo menos 30% do pessoal no trabalho para não prejudicar os serviços essenciais.
Fonte: O Estadão
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