Sem CPMF, Governo calcula como fazer para o dinheiro dar
O cenário é incerto. Diante da derrota do Governo na prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), a equipe econômica do presidente Lula ainda busca alternativas emergenciais para adequar as contas públicas ao rombo de R$ 40 bilhões no orçamento da União com o fim do tributo, a partir de 1º de janeiro. O Senado rejeitou na madrugada de ontem a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que pedia a continuidade da cobrança da CPMF até 2011.
Técnicos do Ministério da Fazenda vão intensificar neste fim de semana os trabalhos para concluir um pacote de medidas que possam compensar os cofres do Planalto da perda da arrecadação com a CPMF. O reajuste orçamentário do Governo deve ser proposto até o final da próxima semana.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já tem as linhas gerais do pacote que o Governo vai apresentar à Comissão Mista do Congresso que analisa a matéria e é responsável por bater o martelo sobre quais serão as mudanças finais no Orçamento de 2008. Desde o início da semana, quando o Palácio do Planalto estava em alerta para o risco de derrota, Mantega colocou assessores para preparar ações às quais o Governo pudesse recorrer.
Por enquanto, o ministro assegura apenas que a meta fiscal do País será mantida. “Em nenhum momento vamos mexer na equação fiscal no País. Vamos manter a responsabilidade fiscal e cumprir a meta fiscal. Nossa equação fiscal é totalmente sadia, equilibrada. Vamos continuar nessa trajetória”, desconversou Mantega, que prefere não adiantar quais medidas estão em estudo pelo Governo.
A expectativa é de que o pacote contemple cortes de gastos públicos e aumento de tributos. A aérea mais prejudicada deve ser a saúde, que tinha quase que a totalidade de recursos reservados para o próximo ano – cerca de R$ 44 bilhões – atrelados a verba da contribuição que será extinta. Por outro lado, os programas sociais e os investimentos destinados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deverão ser preservados.
Tesoura na saúde
O plano do Governo para equilibrar as contas com a perda da arrecadação da CPMF prevê cancelar os recursos da Emenda 29, que fixa os percentuais de investimentos da União, estados e municípios para a área. Para aprovar o texto, Governo se comprometeu a repassar para a Saúde, além da verba do Ministério, R$ 24 bilhões que seriam escalonados: R$ 4 bilhões liberados em 2008; R$ 5 bi em 2009; R$ 6 bi em 2010; e R$ 9 bi em 2011.
Na avaliação do ministro, sem os recursos da CPMF não há como o Governo cumprir o acordo. “A saúde perdeu um acréscimo substancial que seria colocados para ela”, afirmou Mantega. E acrescentou: “Teremos que rever a regulamentação da emenda porque ela dizia que ‘xis por cento’ da CPMF seria acrescentado e agora não tem mais CPMF”.
Os votos de cada senador
Adelmir Santana (DEM-DF) – NÃO
Almeida Lima (PMDB-SE) – SIM
Aloizio Mercadante (PT-SP) – SIM
Alvaro Dias (PSDB-PR) – NÃO
Antonio Carlos Júnior (DEM-BA) – NÃO
Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) – SIM
Arthur Virgílio (PSDB-AM) – NÃO
Augusto Botelho (PT RR) – SIM
César Borges (PR-BA) – NÃO
Cícero Lucena (PSDB-PB) – NÃO
Cristovam Buarque (PDT-DF) – SIM
Delcídio Amaral (PT-MS) – SIM
Demóstenes Torres (DEM-GO) – NÃO
Edison Lobão (PMDB-MA) – SIM
Eduardo Azeredo (PSDB-MG) – NÃO
Eduardo Suplicy (PT-SP) – SIM
Efraim Morais (DEM-PB) – NÃO
Eliseu Resende (DEM-MG) – NÃO
Epitácio Cafeteira (PTB-MA) – SIM
Euclydes Mello (PRB-AL) – SIM
Expedito Júnior (PR-RO) – NÃO
Fátima Cleide (PT-RO) – SIM
Flávio Arns (PT-PR) – SIM
Flexa Ribeiro (PSDB-PA) – NÃO
Francisco Dornelles (PP-RJ) – SIM
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) – Presidente do Senado; não votou
Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) – NÃO
Gerson Camata (PMDB-ES) – SIM
Gilvam Borges (PMDB-AP) – SIM
Gim Argello (PTB-DF) – SIM
Heráclito Fortes (DEM-PI) – NÃO
Ideli Salvatti (PT-SC) – SIM
Inácio Arruda (PCdoB-CE) – SIM
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) – NÃO
Jayme Campos (DEM-MT) – NÃO
Jefferson Peres (PDT-AM) – SIM
João Durval (PDT-BA) – SIM
João Pedro (PT-AM) – SIM
João Ribeiro (PR-TO) – SIM
João Tenório (PSDB-AL) – NÃO
João Vicente Claudino (PTB-PI) – SIM
Jonas Pinheiro (DEM-MT) – NÃO
José Agripino (DEM-RN) – NÃO
José Maranhão (PMDB-PB) – SIM
José Nery (PSOL-PA) – NÃO
José Sarney (PMDB-AP) – SIM
Kátia Abreu (DEM-TO) – NÃO
Leomar Quintanilha (PMDB-TO) – SIM
Lúcia Vânia (PSDB-GO) – NÃO
Magno Malta (PR-ES) – SIM
Mão Santa (PMDB-PI) – NÃO
Marcelo Crivella (PRB-RJ) – SIM
Marco Maciel (DEM-PE) – NÃO
Marconi Perillo (PSDB-GO) – NÃO
Maria do Carmo Alves (DEM-SE) – NÃO
Mário Couto (PSDB-PA) – NÃO
Marisa Serrano (PSDB-MS) – NÃO
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) – Não compareceu
Neuto de Conto (PMDB-SC) – SIM
Osmar Dias (PDT-PR) – SIM
Papaléo Paes (PSDB-AP) – NÃO
Patrícia Saboya (PDT-CE) – SIM
Paulo Duque (PMDB-RJ) – SIM
Paulo Paim (PT-RS) – SIM
Pedro Simon (PMDB-RS) – SIM
Raimundo Colombo (DEM-SC) – NÃO
Renan Calheiros (PMDB-AL) – SIM
Renato Casagrande (PSB-ES) – SIM
Romero Jucá (PMDB-RR) – SIM
Romeu Tuma (PTB-SP) – NÃO
Rosalba Ciarlini (DEM-RN) – NÃO
Roseana Sarney (PMDB-MA) – SIM
Sérgio Guerra (PSDB-PE) – NÃO
Sérgio Zambiasi (PTB-RS) – SIM
Serys Slhessarenko (PT-MT) – SIM
Sibá Machado (PT-AC) – SIM
Tasso Jereissati (PSDB-CE) – NÃO
Tião Viana (PT-AC) – SIM
Valdir Raupp (PMDB-RO) – SIM
Valter Pereira (PMDB-MS) – SIM
Wellington Salgado (PMDB-MG) – SIM
Fonte: Jornal de Brasília
Foto: Valter Campanato/ABR
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