A Academia Nacional de Polícia (ANP) começou 2014 sob nova direção: o delegado Sérgio Lúcio Pontes assumiu em dezembro a tarefa de coordenar a instituição. Terá pela frente muito trabalho, devido aos recentes concursos para a carreira policial e a futura prova que selecionará mais de 500 novos servidores administrativos (que farão curso de formação na ANP). O SINPECPF se reuniu com o novo diretor no final do ano passado para tratar de pleitos da categoria administrativa.
Entre as preocupações do sindicato abordadas no encontro estava o reforço dos conteúdos programáticos oferecidos aos servidores em formação – tanto policiais quanto os administrativos. O sindicato entende que os servidores não saem hoje da ANP totalmente preparados para o dia a dia de trabalho, em especial quando vão atuar em regiões de difícil provimento.
“É necessário preparar psicologicamente o servidor para as dificuldades que ele irá enfrentar nesses locais, como o afastamento da família”, defendeu a presidente Leilane Ribeiro de Oliveira. “Com isso, poderíamos baixar os índices de problemas psicológicos e teríamos melhores condições de fixar o efetivo em algumas regiões”, completou. Para colocar a proposta em prática, ela sugeriu a inserção de palestras de servidores que já passaram por situações como essa no conteúdo dos cursos.
A presidente também cobrou que o conteúdo programático oferecido aos policiais mencione o papel e a importância do servidor administrativo para a PF. “Se queremos mudar a cultura organizacional, acabando com a discriminação entre cargos, um bom local para começar é a ANP”, frisou.
O secretário-geral do SINPECPF, Valdinar de Araújo Rocha Júnior, é técnico em assuntos educacionais e atua na ANP há quase dez anos. Na opinião dele, a Academia deveria dar mais espaço aos professores e técnicos na construção do conteúdo programático dos cursos oferecidos pela instituição. “Acredito que nossa experiência prática nos credencia a opinar mais sobre o planejamento do conteúdo e sobre o cronograma dos cursos”, ele apontou para o novo diretor da ANP.
Em relação ao curso de formação para os vindouros servidores administrativos, os representantes do SINPECPF observaram que a duração de uma semana ainda está longe do ideal. “É muito pouco”, avaliaram, sugerindo a extensão do curso, mesmo que por meio de ferramentas de ensino a distância.
Recrutamento – Desde a instituição da Gratificação Temporária de Atividade em Escola de Governo (GAEG) para os servidores administrativos lotados na ANP, o local se tornou verdadeiro sonho de consumo para a categoria administrativa. Isso acontece porque a remuneração da categoria está defasada e qualquer ganho adicional se torna muito significativo.
A possibilidade de receber a GAEG fez com que diversos colegas se inscrevessem para o processo seletivo de recrutamento para a ANP. A previsão era que o resultado final fosse publicado em outubro do ano passado, mas até dezembro apenas uma listagem parcial foi divulgada, com os nomes dos servidores cujos setores já concordaram com a liberação imediata para a ANP.
A presidente disse entender as dificuldades enfrentadas pela PF (leia-se: falta de pessoal em todos os setores), mas cobrou celeridade na divulgação do resultado final por entender que os selecionados devam chegar à ANP a tempo de se inteirar sobre o conteúdo que será ministrado para os novos colegas. “O que está acontecendo é muito injusto e só piora a percepção negativa da categoria com relação ao órgão”, pontuou.
Valorização dos servidores – A presidente também pediu o apoio do novo diretor da ANP na luta pela valorização da categoria. Como são muitos os colegas com títulos de pós-graduação, graduação e mestrado na ANP, ela sugeriu que a Academia colabore na luta pela criação de gratificação de titulação para o PECPF, que bonifica o servidor que buscar capacitação acadêmica. Ela também recomendou que as chefias de setores administrativos da ANP passem a ser ocupadas por profissionais da categoria. “Gente qualificada aqui é o que não falta”, observou.
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