É com profundo pesar que comunicamos o falecimento da agente administrativa e ex-presidente do SinpecPF LEILANE RIBEIRO DE OLIVEIRA, ocorrido ontem (29), em Rio Branco-AC, em decorrência de complicações de saúde após um AVC ocorrido em maio.
História de vida — Guerreira. Assim podia ser definida Leilane, que desde os primeiros passos deu sinais de que iria longe. Um pouco de teimosia somada a muita coragem e perseverança fizeram com que ela chegasse à presidência do SinpecPF em 2010 e à vida política logo depois, tudo isso em uma trajetória marcada por lutas em defesa dos mais carentes em todos os lugares por onde ela passou.
Nascida em Cruzeiro do Sul em 02 de abril de 1981, Leilane foi criada com a típica educação do interior do Acre. Filha da professora Lidelba Ribeiro de Oliveira e do militar reformado Francisco Pereira de Oliveira, passou a infância brincando com as irmãs e amigas, tomando banho no igarapé Canela Fina e curtindo passeios na Praia do Môa nos finais de semana.
Sua infância foi humilde, pois os pais não tinham muitos recursos. Desde pequena, mostrava vocação política, comprando brigas pelos colegas de escola. Em depoimento dado ao sindicato em 2014, afirmou que sempre gostou de se meter em confusões para defender as pessoas.
Carreira na PF — Leilane costumava dizer que foi criada dentro da Polícia Federal. Filha de militar reformado, desde pequena assistia ao pai trabalhar lado a lado com policiais em operações na região. Acompanhar de perto a rotina do órgão despertou na ainda menina o sonho de um dia seguir carreira na PF.
O ingresso no órgão se deu como terceirizada, em 2001, atuando como telefonista e como auxiliar de informática na delegacia de Cruzeiro do Sul – postos posteriormente ocupados na Superintendência de Rio Branco. Mas ela queria mais. Tanto que, em 2004, ela foi aprovada no concurso para agente administrativa, cargo em que tomou posse em 15 setembro de 2005.
A primeira lotação enquanto servidora foi no Setor de Material da Superintendência Regional do Acre. Pouco tempo depois passou a atuar na Secretaria de Administração e Logística Policial do estado. Em outubro de 2006, tornou-se membro da Comissão Permanente de Licitações, onde permaneceu até o início de 2010. Durante o período em que trabalhou no Acre, destacou-se pela coragem e honestidade, denunciando as irregularidades que observava na PF sem nunca temer as consequências.
“Minha postura fez com que eu fosse perseguida dentro da instituição”, ela dizia sempre. À época, ela chegou a denunciar casos de improbidade administrativa cometidos por superiores hierárquicos. “Foi quando percebi que o sistema estava corrompido e que se eu quisesse melhorar a PF, precisaria me expor e lutar pelo que eu acreditava”.
Em 2010, Leilane foi removida para Brasília. Na capital federal, atuou na área de licitações e contratos até fevereiro de 2011, quando se licenciou para se dedicar exclusivamente à presidência do SinpecPF.
Carreira sindical e política — A carreira sindical teve início em 2006, quando foi eleita representante do SinpecPF no Acre. A candidatura foi motivada pelo desejo de reparar as injustiças que ela observava durante o trabalho. Determinada a lutar pelo que acreditava, Leilane comprou uma série de brigas em prol de melhorias nas condições de trabalho para os servidores administrativos da PF. Tornou-se conhecida pelo combate ferrenho ao assédio moral praticado por alguns chefes e ganhou o respeito de todos por jamais abaixar a cabeça para superiores envolvidos em irregularidades.
Durante os meses de abril e maio de 2007, esteve em Brasília, na greve geral dos administrativos da PF. Na época, o Acre estava em voga na mídia brasileira. Mediante o contato com a imprensa, ajudou a sociedade a tomar conhecimento de que a PF não era composta apenas por policiais e que no Acre havia uma grande carência de servidores administrativos, responsáveis por todo o suporte logístico para a atividade policial.
A atuação enquanto representante estadual chamou a atenção da diretoria-executiva nacional do SinpecPF, que em 2009 convidou Leilane a se candidatar à presidência do sindicato. Insatisfeita com o tratamento dado pela PF aos administrativos, Leilane aceitou o convite, confiante de que poderia contribuir na luta pela valorização da categoria.
Eleita para o triênio 2010 – 2012 e reeleita para o período de 2013 – 2015, Leilane empunhou como principal bandeira de seus mandatos a valorização dos servidores administrativos da PF por meio da reestruturação da carreira. Sua gestão foi marcada pela atuação destacada no cenário sindical brasileiro, colocando a categoria em evidência na mídia e no cenário político.
Como legado de seus anos à frente da instituição, é possível destacar a liderança na greve de 2012, três acordos para reajustes salariais, cinco anos de atividade física institucional e a reformulação do atendimento jurídico do sindicato.
Em 2014, chegou a candidatar-se ao cargo de deputada federal pelo estado do Acre. Embora não contasse com muitos recursos financeiros para a campanha, obteve expressiva votação, o que abriu as portas para a carreira política.
Ao deixar o comando do SinpecPF, voltou à Polícia Federal, onde ficou lotada na Coordenação de Aviação Operacional (Caop), em Brasília-DF. Em 2019, retornou ao Acre para assumir o cargo de Diretora da Organização das Centrais de Atendimentos (OCA), por nomeação do Governo do Estado do Acre.
Em meio a uma vida tão atribulada e repleta de lutas, ela ainda teve tempo para realizar seu maior sonho em 2018: ser mãe.
Consternado pela perda, o presidente do SinpecPF, João Luis — amigo pessoal de Leilane e vice-presidente na segunda gestão da colega à frente do sindicato — decretou luto oficial de três dias. “Leilane foi um exemplo de coragem e determinação. Nunca aceitou um não como resposta e mostrou a todos que nossa categoria tem valor e não precisa abaixar a cabeça para ninguém”, afirmou.
O sindicato se solidariza com familiares e amigos neste momento de dor, desejando a todos muita força e paz para enfrentar essa irreparável perda.
Sem palavras! Não há como mensurar a tristeza e a imensa perda que tivemos! Nossos sinceros sentimentos à família enlutada! Uma guerreira que tanto lutou, mas infelizmente não teve reconhecido o seu mérito frente ao órgão PF! Triste…