Polícia faz diligências e ouve testemunhas sobre compras realizadas em casas de câmbio
No rastro dos US$ 248,8 mil levantados por petistas como parte do R$ 1,75 milhão para a compra do dossiê Vedoin, a Polícia Federal executou ontem diligências no Rio e ouviu testemunhas das operações realizadas por laranjas na agência Vicatur e em outras casas de câmbio. O delegado Diógenes Curado, encarregado do inquérito, informou que as investigações prosseguirão até o fim da semana, mas não quis revelar detalhes.
As operações de ontem são de rotina e não incluem, por enquanto, buscas e apreensões autorizadas pela Justiça. A PF trabalha também com a hipótese de que os dólares possam ter sido adquiridos para disfarçar a origem real do dinheiro levantado por um grupo de petistas para a compra do dossiê com denúncias contra políticos do PSDB. Chamados de “aloprados” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os petistas envolvidos foram presos no dia 15 de setembro, com R$ 1,75 milhão em reais e dólares, num hotel em São Paulo.
No fim de outubro, a agência de câmbio Vicatur, de Foz do Iguaçu, na Baixada Fluminense, recrutou laranjas entre pessoas de famílias humildes – que emprestavam os seus CPFs para operações ilegais de compra de dólares. Algumas tiveram os nomes incluídos sem sequer saberem das operações. Os donos da empresa, Fernando Ribas e Sirlei Chaves, foram indiciados por fraude cambial e uso de documento falso.
FAMÍLIAS
Em relação à Vicatur, a PF desconfia que possa haver duas famílias envolvidas no esquema como laranjas. Uma delas, já identificada, comprou o equivalente a US$ 280 mil na Vicatur. O montante adquirido por outra família ainda está sendo levantado, mas pode ter sido superior a US$ 100 mil. A PF não sabe ainda para onde foi a parte que excedeu os US$ 248,8 mil da compra do dossiê.
De posse dos dados dessas diligências, Curado retorna na próxima semana a Cuiabá e deve marcar os depoimentos dos tesoureiros das campanhas do presidente Lula à reeleição, José de Filippi Júnior, e do senador Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, José Giácomo Baccarin.
Vannildo Mendes
O Estado de S. Paulo
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