Ministro pede a Lula que o piso suba para R$367 ano que vem e não R$375, já que a previsão do PIB caiu
BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu ontem mudanças na forma de reajuste do salário mínimo, que leva hoje em consideração a inflação e mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) per capita. Segundo ele, o governo precisa dar aumentos reais, ou seja, acima da inflação, mas que não fiquem no mesmo patamar que o aumento do PIB. O seu argumento é que essa seria uma forma de pressionar menos as contas da Previdência Social, que tem grande parte dos benefícios pagos corrigida pelo mínimo.
Mantega defendeu essa posição ontem, em reunião da Junta Orçamentária com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para discutir o valor do novo mínimo a partir de abril. O ministro da Fazenda pleiteou um reajuste menor do que o previsto anteriormente.
– O que eu defendo é um crescimento real, porém abaixo do crescimento do PIB, de modo a não pressionar as despesas da Previdência. Tudo isso para que sobrem mais recursos para investimento. Nós precisamos aumentar a taxa de investimento do país. Isso é bom para todo mundo, inclusive para os trabalhadores, porque vai representar mais emprego, que é a melhor forma de se fazer justiça social – argumentou Mantega.
Na reunião da Junta, da qual participam também os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e paulo bernardo (Planejamento), o ministro da Fazenda tentou convencer o presidente Lula de que o salário mínimo deve subir de R$350 para R$367 no ano que vem. Apesar de o governo ter se comprometido com um reajuste que elevaria o mínimo para R$375, a equipe econômica alega agora que isso não é mais possível. Isso porque o valor de R$375 estava ligado a um crescimento do PIB de 4,5% este ano, sendo que a previsão agora é de apenas R$3,2%.
– O mínimo de R$375 foi o valor apresentado quando a gente achava que o PIB era maior e a inflação era maior. Só que isso mudou, porque nós reduzimos as perspectivas – explicou Mantega, lembrando, no entanto, que ainda não houve definição sobre o caso: – Eu estou dizendo a minha opinião, a opinião do Ministério da Fazenda. É claro que isso tem que ser discutido, inclusive com os outros ministros e também com o movimento sindical, que está acompanhando isso.
CUT promove marcha
por mínimo de R$420
Na semana passada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que não estão desenhadas todas as regras para o novo mecanismo:
– Ainda não sabemos se vamos usar o PIB cheio, um pedaço do PIB ou o PIB e mais alguma coisa. É a negociação que vai determinar – disse Marinho.
Amanhã, a CUT nacional promove em Brasília a terceira Marcha do Salário Mínimo, um movimento em defesa de um mínimo de R$420 a partir de abril. Outras centrais sindicais também estarão em Brasília para pressionar o governo.
O Globo
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