Secretário de Segurança do Estado e antecessor são suspeitos de participar de quadrilha
Dupla, a exemplo de outros dois ex-chefes da PF presos na Operação Cerol, levaria propina e teria tido festa; ex-agente detido nega fatos
Além de dois ex-superintendentes da Polícia Federal do Rio presos, outros dois são investigados na Operação Cerol. Os nomes dos ex-superintendentes e delegados da PF Marcelo Itagiba e Roberto Precioso são citados no processo que deu origem aos mandados de busca e apreensão e prisão.
A operação foi deflagrada na última sexta-feira e prendeu 17 pessoas (entre elas 8 policiais federais). As investigações partiram de denúncias de que na Superintendência da PF no Rio agia uma quadrilha, integrada por policiais federais, advogados e empresários, que favorecia empresários investigados pela Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários.
Documento assinado pela juíza Ana Paula Vieira de Castro, da 6ª Vara Federal Criminal, cita os envolvidos presos, além de pessoas que ainda são investigadas. Aí aparecem os nomes de Itagiba, ex-secretário de Segurança Pública do Rio e candidato a deputado federal pelo PMDB, e Precioso (atual secretário de Segurança).
Eles são suspeitos de receber benefícios do empresário Paulo Henrique Pedras (um dos sócios da cervejaria Itaipava). Pedras, um dos empresários presos, é ligado ao advogado Tarcísio Pelúcio, suposto líder da quadrilha, também preso.
O Grupo de Controle Externo do Ministério Público Federal recebeu uma denúncia de que Pedras promoveu as festas de posse de todos esses ex-superintendentes e ainda pagava propina mensal de R$ 50 mil a cada um deles. Segundo o assessor de imprensa da Secretaria de Segurança Pública, Ricardo Gouveia, Precioso não tem conhecimento de quem promoveu a festa de sua posse na PF. Ele informou que a denúncia contra ele teria sido feita por uma pessoa que nunca foi interrogada, porque não teria sido encontrada. A Folha não encontrou Itagiba, mas Gouveia, que foi seu assessor, informou que a resposta dele é a mesma.
Relações pessoais Na sexta-feira, os ex-superintendentes José Milton Rodrigues e Jairo Kullman foram detidos na operação.
Rodrigues respondeu ontem à Folha por nota enviada do Hospital Pró-Cardíaco, onde está internado, e disse que, em 33 anos na PF, nunca respondeu a uma sindicância.
Ele afirmou que as acusações contra ele “não são verdades” e que sua relação com o advogado Tarcísio Pelúcio, é meramente “pessoal”.
O delegado argumenta que a denúncia é antiga e “apócrifa”.
“Quando cheguei ao Rio, já cheguei para a posse. Não organizei nada, quem o fez [a festa da posse] foi a superintendência. Pelo que soube, quem patrocinou a comemoração foram entidades de classe da PF.”
Ao contrário do atual chefe, Delci Teixeira, Rodrigues não trouxe uma equipe nova para a PF, quando assumiu o cargo, em abril de 2004. “Ninguém quer vir para o Rio. É o lugar mais complicado do Brasil, mas encarei como missão”, disse.
TALITA FIGUEIREDO / Folha de S. Paulo
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