O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 61, foi reeleito domingo com 60,8% dos votos válidos.Lula venceu no segundo turno o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), 53.
A vitória do petista confirma as pesquisas de intenção de voto. Durante toda a eleição, desde o primeiro turno, Lula aparecia em primeiro lugar. Pesquisa Datafolha, divulgada ontem, apontava a vitória de Lula com 61% dos votos válidos.
Ex-torneiro mecânico e primeiro líder de um partido de esquerda eleito presidente, Lula consegue igualar a façanha de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 1998, o tucano chegou ao segundo mandato consecutivo –foi o primeiro presidente a se beneficiar da reeleição no Brasil.
Houve uma diferença, porém. Ao contrário de Lula, FHC conseguiu a reeleição já primeiro turno, com 53,06% dos votos válidos –escolhido por quase 36 milhões de eleitores.
Nestas eleições, além dos adversários, Lula teve que enfrentar uma verdadeira avalanche de crises políticas e de escândalos envolvendo o Congresso Nacional, membros de seu governo e dirigentes de seu partido, o PT. A mais recente crise estourou durante a campanha eleitoral e causou revolta na oposição: a tentativa de compra de um dossiê antitucano.
O episódio continua sendo investigado pela Polícia Federal e pela Justiça. Existe no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), inclusive, um processo de impugnação da candidatura do petista, que pode acontecer mesmo após a votação, caso as investigações comprovem crime eleitoral.
A aprovação e a popularidade de Lula, entretanto, não estavam ligadas ao sistema político, como mostrou a eleição. A atuação do governo petista na área social foi fundamental para a reeleição.
Assim, o discurso da continuidade de um “governo para os mais necessitados” foi a grande bandeira da campanha. Programas como o Bolsa Família, o Prouni e o Luz para Todos foram exaustivamente aclamados no palanque petista.
Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada em setembro mostrou que a pobreza no país diminuiu 19% na gestão Lula. Com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o levantamento mostra que a pobreza, que atingia 28,2% dos brasileiros em 2003, passou a englobar 22,77% em 2005 –ou 42,570 milhões de pessoas. Esse é o menor patamar desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1992.
Lula detém o recorde de avaliação positiva de um presidente da República. Segundo pesquisa Datafolha, divulgada no dia 25/10, 53% da população classifica como boa ou ótima a gestão de Lula. Outros 31% consideram o governo petista regular. A taxa dos que acham a atuação do presidente ruim ou péssima é de 15%.
Segundo turno
Segundo o Datafolha, o início do segundo turno indicava uma disputa apertada –no dia 6/10, o petista tinha 50%, contra 43% do tucano. No entanto, nas pesquisas seguintes, Lula só aumentou sua vantagem.
Em 10/10, Lula registrava 51%, enquanto Alckmin aparecia com 40%. Uma semana depois, a diferença subiu para 19 pontos percentuais: 57% a 38%. Em 24/10, a vantagem do petista subiu para 21 pontos: 58% a 37%.
Durante o primeiro turno, Lula vinha em ascendência, dando a entender que venceria sem necessidade de disputar o segundo turno, mas caiu nas últimas duas semanas da campanha. Especialistas apontaram o escândalo do dossiê e a ausência nos debates como as principais causas para a prolongação do pleito.
No final de junho (29/06), Lula tinha 46% das intenções de voto. Dois meses depois (29/08), seu índice chegou a 50%. Na véspera do pleito, em 30/09, Lula voltou ao patamar dos 46%.
Abertas as urnas do primeiro turno, Lula obteve 48,61% dos votos válidos (que excluem brancos e nulos), contra 41,64% de Alckmin. Para eliminar a necessidade de disputar o segundo turno, Lula precisaria obter mais de 50%.
Fonte: Folha Online
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