O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou novamente o anúncio oficial do novo ministro da Agricultura, mas, segundo um de seus interlocutores no Congresso, informou ontem de manhã ao governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), a sua decisão de nomear o deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR) para o cargo. À tarde, o próprio deputado recebeu três telefonemas do Palácio do Planalto, dando conta de que o governo estava apenas finalizando o processo de “checagem final” de seu nome, mas a indicação era tida como certa.

Enquanto aguardava a confirmação e administrava resistências de setores da bancada ruralista a Stephanes, a cúpula do PMDB começou a negociar o segundo escalão. O presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), e o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), iniciaram as conversas pelo Ministério da Saúde. Na conversa da véspera, Lula reforçara o pedido de apoio e de parceria do PMDB com o novo ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

A primeira vítima do acerto deve ser o presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Paulo Lustosa, que tanto Lula como Temporão querem trocar. No primeiro encontro de Temer e Alves com Temporão, ontem à tarde, o ministro falou que queria Osmar Berro, ex-secretário de Saúde de Duque de Caxias, mas não teve sucesso.

Os deputados resistiram e ponderaram que a bancada não aceitaria. Ficou acertado que Berro será acomodado em uma das diretorias da Funasa e o diretor-executivo, Danilo Bastos Forte, indicado pelo deputado Eunício Oliveira (CE), fica interinamente na presidência.

Um dirigente do PMDB revela que, na conversa com Temer, Lula informou que havia orientado Temporão a compor o segundo escalão com o PMDB. Recomendou, no entanto, que o partido tivesse o cuidado de indicar “gente qualificada” para cargos técnicos e avisou que a composição terá outras legendas aliadas. “Vai ter verticalização dentro da coalizão de governo, não restrita ao partido do ministro”, confirmou Temer.

SUPLENTE

Marcelo Almeida (PMDB) vê crescer a possibilidade de realizar o sonho de chegar à Câmara. Ex-diretor do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), ele obteve 84.590 votos e ficou na primeira suplência. Se Stephanes assumir a Agricultura, Almeida ficará com a vaga do deputado.

FRASE

Michel Temer

Presidente do PMDB“Vai ter verticalização (no preenchimento dos cargos

de cada ministério) dentro da coalizão de governo, e

não restrita ao partido do ministro”

Christiane Samarco

O Estado de S. Paulo

21/3/2007