SÃO PAULO – Em uma primeira avaliação das inspeções feitas nesta noite na sede do Cindacta-1, em Brasília, a Polícia Federal descarta a possibilidade de ter ocorrido algum tipo de sabotagem nos equipamentos de comunicações de rádio que provocaram um novo apagão aéreo. A possível sabotagem poderia ter sido provocado por controladores ou técnicos de manutenção do sistema de controle do tráfego aéreo.
Nesta terça-feira, o dia voltou a ser marcado por caos nos aeroportos, devido à pane técnica em Brasília. Por volta das 20h, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) cancelou todos os vôos que partiriam de São Paulo, Belo Horizonte e Brasília.
A PF está convencida de que houve apenas um problema técnico nos equipamentos, o que não é comum de acontecer, mas é bastante plausível. Os policiais não só checaram os equipamentos verificando se tinha algum tipo de sinal de sabotagem em fios ou coisas assim, como manteve contatos com funcionários de alguns setores do Cindacta-1 durante todo o dia, tentando sentir os problemas.
Ao final, os policiais informaram à direção da PF e ao próprio Comando da Aeronáutica que não só não há nenhum indício de sabotagem como acham que não é o caso de abrir nenhum inquérito policial militar (IPM), mas apenas descobrir efetivamente qual foi o tipo de problema técnico que ocorreu.
Diante da falta de evidências de crime, a PF saiu das investigações e apenas se colocou à disposição para voltar lá caso os militares achem necessário, informando que estão à disposição para colaborar no que for possível.
Sediado em Brasília, o Cindacta-1 abrange todo o Sudeste e o Centro-Oeste do País. O problema provocou tumulto nos aeroportos da área, sobretudo no da capital do País, levando a Aeronáutica a adotar esquema de alerta especial e a abrir investigação para apurar responsabilidades.
O apagão aéreo, o segundo em um mês, ocorre no momento em que a PF está prestes a concluir o inquérito sobre o choque entre o jato Legacy e o Boeing da Gol que matou 154 pessoas em setembro. As investigações comprovaram que a sucessão de erros cometidos por controladores de vôo das torres de São José dos Campos e de Brasília está entre as causas do acidente.
Comandadas pelo delegado Ramon Almeida da Silva, as investigações apontaram até agora a cinco fatores para o tragédia. A PF incluiu, entre esses fatores, falhas importantes dos pilotos do Legacy, os americanos Joe Lepore e Jan Paladino, que descumpriram o plano de vôo e voaram a 37 mil pés, mesma altitude em que vinha o Boeing.
Constataram também falhas no sistema de controle de tráfego aéreo do País, de responsabilidade da Aeronáutica e nos equipamentos do Legacy, sobretudo o transponder, produzido por uma empresa americana. A aeronave foi comprada pela empresa ExcelAire, dos Estados Unidos, para onde estava sendo levada no dia do acidente.
O inquérito será concluído no próximo dia 13 e os responsáveis pelos erros, inclusive controladores e pilotos, podem ser indiciados por crime culposo (sem intenção). Os pilotos estão com os passaportes apreendidos desde o dia do acidente, mas a Justiça determinou nesta terça que seus documentos sejam devolvidos em 72 horas.
Por causa disso, a PF decidiu antecipar para quarta, 6, ou quinta, 7, o interrogatório dos pilotos, que se encontram num hotel do Rio. A direção da PF negociou com o Consulado dos Estados Unidos e os advogados do pilotos as condições do depoimento. Tratou também das recomendações previstas no tratado de cooperação jurídica entre Brasil e Estados Unidos. Pelo acordo, as autoridades policiais ou judiciárias brasileiras poderão ir aos Estados Unidos, sempre que a instrução do inquérito exigir, caso os pilotos sejam mesmo indiciados.
Ministro lamenta atrasos
Em entrevista coletiva nesta noite de terça, o ministro da Defesa, Waldir Pires, lamentou “enormemente” os transtornos causados às pessoas que não puderam viajar devido aos problemas, informando que, na quarta-feira, “todos poderão viajar com segurança de vida”.
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