Estáveis, Lula e Alckmin só oscilam para baixo; vitória no 1º turno se torna incerta

Crise da segurança em São Paulo não afeta principais candidaturas; senadora do PSOL cresce em todas as regiões e chega a 13% no Sul

A nova onda de ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo, iniciada no dia 11, não produziu efeitos imediatos nas campanhas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-governador do Estado Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República.

Pesquisa Datafolha divulgada ontem revelou um quadro estável na disputa, mantendo Lula na liderança, com 44% das intenções de voto, seguido pelo candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, com 28%.

A novidade detectada pelo levantamento, feito anteontem e ontem, é o crescimento da candidata do PSOL a presidente, senadora Heloísa Helena, em todas as regiões do país. A ex-petista subiu de 6% para 10%.

Lula alcança 52% dos votos válidos e não é mais possível afirmar que hoje ele venceria a eleição no primeiro turno. Devido à margem de erro da pesquisa, de dois pontos percentuais para mais ou para menos, aumentou a chance de haver segundo turno.

Na pesquisa anterior, a diferença entre os votos válidos de Lula e os dos demais candidatos somados era de oito pontos percentuais a favor do presidente. A nova pesquisa mostra uma queda da diferença para quatro pontos percentuais.

Lula e Alckmin tiveram oscilação negativa. O petista, que tinha 46% na pesquisa de 28 e 29 de junho, agora tem 44%. Alckmin oscilou de 29% para 28%.

O potencial de crescimento de Heloísa Helena já era considerado antes dessa pesquisa por segmentos do PT e PSDB como o fator que poderá levar a disputa ao segundo turno.

A projeção para um eventual segundo turno ficou estável: Lula oscilou um ponto para baixo e tem 50%, contra 40% de Alckmin -mesmo índice do tucano no último levantamento.

Segundo Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, é possível inferir que o crescimento de Heloísa Helena se deve, principalmente, à exposição da senadora nos meios de comunicação nas últimas semanas. “Desde o início do ano, Heloísa Helena estava com um patamar estável nas pesquisas, entre 6% e 7%”, observa Paulino.

A receptividade do eleitor à candidatura de Heloísa Helena foi expressiva sobretudo na região Sul, onde ela teve mais que o dobro das intenções de voto em relação à pesquisa anterior (de 6% para 13%). Em junho, Alckmin havia ultrapassado Lula no Sul (37% a 30%). Agora, os dois empatam em 31%.

A candidatura da senadora também cresceu de 7% para 11% no Norte e Centro-Oeste.

No Nordeste, o presidente Lula mantém consolidado seu eleitorado mais fiel, com pequena oscilação negativa (de 64% para 63%). Já Alckmin caiu quatro pontos (de 17% para 13%), enquanto Heloísa Helena oscilou positivamente (de 5% para 7%).

A ascensão da senadora no Sudeste foi de quatro pontos percentuais, de 7% para 11%. O cenário na região permanece estável para Lula e Alckmin.

O Datafolha também pediu aos eleitores que avaliassem o governo Lula. O resultado foi similar ao do último levantamento, quando 39% dos eleitores consideravam o governo bom ou ótimo -agora são 38%. Também oscilaram dentro da margem de erro as avaliações da gestão Lula como regular (40%) e ruim ou péssima (21%).

Foram entrevistados 6.264 eleitores em 272 municípios. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número 11149/2006.

Senadora por Alagoas, Heloísa tem maior rejeição no Nordeste A pesquisa Dafolha confirma, como no levantamento anterior de junho, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é também o líder de rejeição entre os eleitores, com 32%, seguido por empate técnico entre Alckmin (22%) e Heloísa Helena (21%).

Apesar de ser senadora por Alagoas, a maior rejeição à candidata é exatamente no Nordeste (30%). Já para o petista, pernambucano, a menor rejeição está na região (16%).

Na pesquisa de intenção de voto espontânea -em que o entrevistado tem que citar o candidato sem o auxílio de uma lista com os nomes dos concorrentes-, Lula registrou 31% dos votos, Alckmin teve 14%, e Heloísa Helena, 3%. Nesse quesito, 44% não souberam dizer em quem votariam.

Senadora comemora, mas afirma que é só um retrato do momento A candidata do PSOL à Presidência, senadora Heloísa Helena (AL), comemorou seu crescimento de 6% para 10% na pesquisa Datafolha, mas foi cautelosa ao comentar seu desempenho, afirmando que é só um retrato do momento.

“Eu fico muito alegre com a generosidade e o carinho das pessoas, mas tenho consciência de que as pesquisas fazem uma análise do momento”, disse ela.

A candidata do PSOL disse ter ficado especialmente satisfeita por estar fazendo uma campanha com poucos recursos. “Eu sou ao mesmo tempo o coronel de tropa, o general de brigada e o cozinheiro.”

Ontem Heloísa participou de ato político na Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, e depois passou a tarde no Senado. À noite, foi para Fortaleza (CE). No Senado, ela afirmou que, se eleita, poderia baixar os juros por decreto, mas disse que isso não seria necessário, porque bastaria mudar a composição do CMN (Conselho Monetário Nacional).

MALU DELGADO

Folha de S. Paulo