O Fantástico desse domingo veiculou extensa reportagem a respeito da falta de segurança que impera nos aeroportos brasileiros. Na matéria, repórter da Rede Globo consegue embarcar nos principais aeroportos brasileiros portando réplica metálica de um fuzil AR-15, além de pacote de açúcar simulando cocaína e 10 mil reais em notas cenográficas (praticamente idênticas às verdadeiras). Ao final da reportagem, fica nítido que o Brasil ainda não está preparado para sediar grandes eventos internacionais.
O teste passou por nove aeroportos, nas cidades de São Paulo (Congonhas e Guarulhos), Rio de Janeiro (Galeão e Santos Dumont), Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza, Juiz de Fora e Brasília. Foram nove voos, todos domésticos, e em nenhum deles o material foi detectado, pois a obrigatoriedade de inspeção em máquinas de raio X é hoje restrita a voos internacionais. O caso mais grave aconteceu em um voo entre Juiz de Fora e o aeroporto de Guarulhos, no qual o repórter consegue embarcar com a réplica do armamento em sua bagagem de mão.
O Fantástico procurou uma empresa de segurança para mostrar como seria simples detectar o material escondido caso a bagagem fosse submetida à inspeção em raio X. O programa também estabeleceu uma comparação com a fiscalização realizada nos aeroportos norte-americanos, nos quais as todas as bagagens são submetidas não somente ao raio X, mas à inspeção manual por parte de fiscais treinados.
Entre os especialistas ouvidos pela reportagem estava o ex-presidente da Federação Nacional dos Policiais, Francisco Carlos Garisto, que criticou a precariedade da segurança em nossos aeroportos. Procurada pelo Fantástico, a Polícia Federal não quis comentar o assunto.
Infelizmente, o quadro apresentado pelo Fantástico não é novidade para o SINPECPF, que há anos luta por melhoras no sistema de fiscalização dos aeroportos brasileiros. Para a presidente Leilane Ribeiro de Oliveira, esse processo passa obrigatoriamente pela Polícia Federal, que hoje conta com poucos servidores para atuar na fiscalização. “Esse é um trabalho importantíssimo, que deve ser feito por servidores da Polícia Federal treinados para esta tarefa.”
Para a presidente, um problema que deixou de ser abordado pela reportagem é a utilização de funcionários terceirizados para a vistoria dos passageiros. “Esses profissionais não possuem vínculo com o órgão e estão sujeitos a punições muito mais brandas que um servidor de carreira. Por isso, eles são mais suscetíveis a desvios de conduta”, avalia. “Em segurança, não é permitido errar. A realização de eventos do porte da Copa do Mundo e das Olímpiadas englobam riscos muito altos, a PF deve começar a se preparar desde já”, finaliza.
Confira a reportagem do Fantástico neste link.
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