Os advogados americanos que representam vítimas do acidente com o Boeing 737-800 da Gol, ocorrido no dia 29 de setembro, ingressam nesta segunda-feira na corte de Chicago, nos Estados Unidos, com o primeiro processo em favor de duas das famílias. Em princípio, as ações serão movidas contra a Boeing, fabricante do avião; a Honeywell, empresa responsável pelo desenvolvimento das antenas anticolisão (TCAS, na sigla em inglês) das duas aeronaves envolvidas na colisão; e a ExcelAire, proprietária do jato Legacy.
Além do processo, os advogados Mike Eidson e Manuel von Ribbeck também iniciarão, nos próximos dias, uma investigação paralela sobre as causas do acidente. Com a ajuda do perito Max Vermij, ex-funcionário da TSB, agência canadense que tem feito a leitura das caixas-pretas do Legacy e do Boeing, os defensores pretendem simular em computador o exato momento do choque.
“Vamos usar todos os dados disponíveis, desde o conteúdo das caixas-pretas dos dois aviões até os registros de satélite”, diz Ribbeck.
Para o advogado, porém, o registro de voz da caixa-preta do Legacy e os depoimentos dos pilotos americanos, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, são peças fundamentais no processo. “Se ficar comprovado que o alarme anticolisão do jato não soou antes do acidente, por exemplo, será mais fácil provar que a fabricante dos TCAS é responsável pela tragédia.
Embora não tenha incluído o governo brasileiro entre os réus, o advogado adianta que poderá acioná-lo, conforme o andamento das investigações. “Ainda não está muito claro se os controladores de vôo contribuíram ou não para o choque.” O escritório também não descarta abrir um processo judicial contra a Embraer, fabricante o Legacy.
Enquanto aguardam o resultado da ação, as famílias das vítimas continuam pedindo “Justiça”. “Nada vai trazer a vida do meu filho e do meu marido de volta, mas alguém tem de ser responsabilizado pelo que aconteceu”, reivindica a estudante Suelen de Abreu Lleras, de 22 anos, mulher de Mario André Leite Lleras, de 25, e mãe de Daniel de Abreu Lleras, de 5, mortos no acidente.
O escritório americano dá como certa a condenação das empresas e estima que a sentença saia em, no máximo, um ano. Além da família Lleras, os advogados representam outras 30 vítimas. Elas ainda estudam se ingressam ou não com uma ação coletiva. “Enquanto não houver culpados, essas pessoas não terão direito a uma compensação justa por suas perdas”, argumenta Reddick
Uma decisão favorável da Justiça americana também agilizaria o pagamento de indenizações, sem que as famílias dependam do resultado oficial das investigações. Tratados internacionais, dos quais o Brasil é signatário, vetam a utilização de relatórios emitidos por autoridades aeronáuticas nos tribunais. Para as associações de proteção ao vôo, o objetivos das investigações é apontar falhas, para evitar que elas se repitam.
Da Agência Estado
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