Em um estado que conta com a quarta pior aprovação de um superintendente (segundo pesquisa da Fenapef), era de se esperar que a reunião da presidente do SINPECPF com os servidores do Acre revelasse alguns problemas no ambiente de trabalho. Contudo, mesmo tendo trabalhado por anos no estado, Leilane não estava preparada para a enorme quantidade de queixas existente hoje entre os servidores lotados na Superintendência Regional de Rio Branco.
O encontro com a presidente ocorreu na última terça-feira (24) e começou em clima de “volta às origens”. Leilane pôde rever uma série de colegas da época em que esteve lotada na Superintendência Regional do Acre, mas logo percebeu que o semblante de seus antigos companheiros estava diferente. A apreensão e a insatisfação haviam tomado conta do ambiente, com diversos servidores reclamando de flagrantes ações de discriminação para com o PECPF.
Segundo os servidores, essa mudança de ares teve início com a atual gestão no estado, e tem na figura do superintendente substituto seu epicentro. Há relatos de desrespeito com os profissionais do PECPF que chegam às vias do assédio moral. A presidente se mostrou impressionada com tais informações. “Também enfrentei problemas quando trabalhei aqui, mas nunca havia visto uma situação tão problemática”, confessou. Para os servidores, isso apenas atesta o fato de que a mudança advém da transição no comando.
Ainda em relação à nova gestão, causa estranheza a ascensão meteórica na carreira vivida pelo superintendente substituto. Não há como justificar que um servidor que ingressou no Departamento em outubro de 2007 galgue tão rapidamente até cargo de tão alto posto. “Quais foram os critérios que motivaram a escolha deste profissional?”, questiona-se Leilane, deixando claro sua insatisfação com a falta de políticas de meritocracia existentes hoje na Polícia Federal.
O já tradicional panorama das ações realizadas pelo sindicato acabou relegado a segundo plano. Após serem informados sobre o andamento dos processos referentes à reestruturação da carreira e da Lei Orgânica da PF, os servidores presentes se mostraram satisfeitos com os trabalhos conduzidos pela atual diretoria e se prontificaram a lutar pela reestruturação caso seja necessário. “Precisamos ter nossa carreira valorizada, para que atos como os descritos aqui hoje sejam erradicados da PF de uma vez por todas”, salientou a presidente.
Encontro com o Superintendente Regional
Devido ao grande número de reclamações feitas pelos servidores, a reunião da presidente com o superintendente regional do Acre, José Carlos Chalmers Calazane, aconteceu sob clima tenso. As acusações de assédio moral eram gravíssimas e não poderiam ser omitidas. Como abordar a questão?
Leilane preferiu ir direto ao ponto, ressaltando que o alvo da maior parte das críticas era o superintendente substituto. Calazane mostrou-se tão surpreso com os relatos que disse não acreditar na veracidade deles. “Não posso crer que esses fatos tenham realmente acontecido”, afirmou. Para o superintendente, o clima institucional na Superintendência não é ruim e há exagero na versão dos servidores do PECPF.
Para a presidente, não existem motivos para que um grupo tão heterogêneo de servidores “elaborasse” acusações tão graves em tão curto espaço de tempo. “Há algo de errado acontecendo nesta Superintendência e o SINPECPF espera que essas questões sejam devidamente apuradas”, alertou Leilane.
O SINPECPF ressalta que acompanhará de perto o deslanchar dos acontecimentos em Rio Branco e que dará todo o suporte possível para os filiados que forem coagidos por meio de assédio moral.
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