Em comunicado oficial, a presidente Dilma Rousseff informou, nesta segunda-feira (29), mudanças de pastas e agradeceu os serviços prestados por José Eduardo Cardozo, que deixou o ministério da Justiça.
Cardozo irá para a AGU (Advocacia-Geral da União), no lugar de Luís Inácio Adams, que já havia decidido deixar o governo. Dilma nomeou o procurador do Ministério Público da Bahia Wellington César para o lugar de Cardozo, que já foi Procurador-Geral do Estado.
Além de mexer nos ministérios da Justiça e da AGU, Dilma decidiu também fazer mudanças no comando da CGU (Controladoria-Geral da União), órgão interno que atua no combate à corrupção em instituições federais. Luiz Navarro, que já atuou na CGU e é especialista no combate a desvios na esfera pública, assumirá a pasta, hoje interinamente ocupada por Carlos Higino.
SAÍDA DA PASTA — Cardozo decidiu deixar o cargo, como antecipou neste domingo (28) a Folha, depois que a pressão sobre ele, vinda do PT e de partidos da base do governo, chegou a limites "intoleráveis", segundo revelam amigos próximos.
A nomeação de César como novo ministro da Justiça já era estudada pelo governo federal desde o fim do ano passado.
Com a possibilidade da saída de Cardozo, que já havia pedido para deixar a pasta mais de uma vez, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, articulava a nomeação do aliado político para o posto.
O nome de César foi sugerido em janeiro por Wagner a Dilma e tinha o apoio do atual ministro da Justiça, que o defendeu como uma possibilidade para substituí-lo.
NOVO MINISTRO — No início deste ano, com a definição de que Adams deixaria em fevereiro a AGU, o governo federal chegou a pensar em colocar o procurador baiano temporariamente no cargo até a saída de Cardozo da Justiça.
A presidente, no entanto, tinha dúvidas sobre se César seria o melhor indicado neste momento, diante da abertura do processo de impeachment, e tinha preferência pelo procurador-geral do Banco Central, Isaac Menezes Ferreira, e pelo ex-secretário-executivo do Ministério da Previdência Marcelo Siqueira.
Com a definição nesta segunda de que Cardozo deixaria mesmo a Justiça, o nome do procurador foi novamente sugerido por Wagner e pelo próprio ministro à presidente, que foi convencida a nomeá-lo.
Segundo a Folha apurou, pesou na decisão da petista o bom trânsito de César junto a ministros do STF (Superior Tribunal Federal) e o fato dele ser um nome de fora do meio político, o que o tornaria menos suscetível a pressões para segurar as investigações da Operação Lava Jato.
Ao mesmo tempo, a nomeação de um aliado político de Wagner também teve como objetivo acalmar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vinha acusando nos bastidores Cardozo de não controlar a Polícia Federal.
A posse dos novos ministros deve ocorrer na quinta-feira (3), a pedido de Adams, que quer ainda no cargo participar de audiência na Comissão Mista de Orçamento no Congresso Nacional, na terça-feira (1º), e de anúncio do acordo do governo federal com a Samarco para reparo dos estragos causados em Mariana (MG), programado para quinta.
Mesmo que a saída do cargo tenha colocado em risco a permanência de Leandro Daiello à frente da direção-geral da Polícia Federal, ele permanecerá no cargo da PF.
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