Munidos de cartazes, adesivos e senso de justiça, representantes de diversas categorias do serviço público se uniram na manhã desta terça-feira (24) para, de mãos dadas, envolver o prédio do INSS em um “abraçaço”, criativo protesto que marca o início da luta do funcionalismo contra a Reforma da Previdência proposta pelo Governo Federal.
A data escolhida para começar a batalha não poderia ter sido mais emblemática: hoje (24) é “Dia do Aposentado e da Previdência Social”, muito embora os trabalhadores, especialmente os servidores públicos, tenham pouco a comemorar. Isso porque, mais uma vez, o governo elegeu a categoria como grande vilã do cenário de desequilíbrio fiscal.
A primeira resposta do funcionalismo veio na forma de grito de ordem. Registrados por toda a mídia presente no ato, os dizeres “NÃO TEM ROMBO NÃO, O GOVERNO É QUE LADRÃO”, entoados por praticamente todos os presentes, resumem bem a mensagem da autointitulada frente “A Previdência é Nossa – Pelo direito de se aposentar”.
Dados divulgados pela frente demonstram que os números da Previdência Social não são apresentados de forma transparente pelo governo. O “rombo” comunicado pelos governantes se transforma em superávit quando são somadas todas as fontes de financiamento da Seguridade Social (entre eles o Cofins, o CSLL, o PIS/PASEP e as loterias, que o governo deixa de fora da própria conta). Há anos essas receitas, voltadas para a aposentadoria, assistência e saúde, vem sendo desviadas para o pagamento da dívida pública, por meio de mecanismos como a DRU (Desvinculação de Receitas da União).
“Nem estamos levando em consideração os rombos causados pela corrupção e pela sonegação de impostos em nossas contas”, explica Éder Fernando da Silva, presidente do sindicato que representa os servidores administrativos da Polícia Federal (SINPECPF). Caso tais práticas fossem coibidas, o sistema previdenciário não seria motivo de preocupações. “É injusto que a conta recaia sobre o trabalhador quando os problemas são causados por outros fatores”, reflete Weston Ronney José Pereira, diretor financeiro do SINPECPF.
O diretor jurídico do SINPECPF, Cícero Radimarque, também compareceu ao protesto. Após anos trabalhando no atendimento aos aposentados, ele se diz perplexo com o tratamento dado pelo governo aos servidores mais antigos. “São sempre os mais prejudicados. Se hoje já sofrem perdendo direitos ao deixar a ativa, amanhã não poderão sequer se aposentar”, ele critica. Para o diretor, a luta deve ser encampada por todos, inclusive os mais jovens. “Quem não lutar hoje terá de trabalhar para o resto da vida, enquanto os verdadeiros culpados desfrutarão de altos rendimentos obtidos com o nosso dinheiro”, adverte.
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