Ministro da Justiça mantém disposição de não continuar no governo, o que deve motivar a saída de Paulo Lacerda do cargo
Presidente anunciou que na segunda iniciará conversas oficiais para definir nomes do ministério e escalou Tarso Genro para ajudá-lo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou a auxiliares que, na próxima segunda-feira, inicia os “contatos oficiais” para montagem de seu novo ministério. Lula convocou o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, para ajudá-lo nessas conversas, nas quais terá de encontrar um substituto para o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que manteve ontem sua disposição de deixar o governo Lula.
Com a saída de Thomaz Bastos, o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, também deixará o posto. Lacerda, porém, deve continuar no governo, mas em outra área.
Ele pode comandar a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), a CGU (Controladoria Geral da União) ou o INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). Nesse último posto, teria a missão de combater fraudes no sistema previdenciário, fazendo uso de seus conhecimentos de investigação.
Na lista dos candidatos a ocupar o posto de Paulo Lacerda, o favorito é o atual diretor da área de inteligência da PF, Renato Porciúncula, seguido pelo diretor-executivo do órgão, Zulmar Pimentel.
Reestruturação
Enquanto Lula inicia a fase dos contatos oficiais, um grupo ministerial estará analisando mudanças estruturais no governo. A idéia não é cortar ministérios, mas mudar as atribuições de alguns e tornar determinados setores do governo mais eficientes.
A própria Presidência da República deve passar por esse processo de reestruturação, reforçando principalmente as áreas de apoio ao gabinete do presidente Lula.
Deve ser estudada, por exemplo, a transferência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Fazenda para o da Justiça, antigo desejo do ministro Thomaz Bastos.
Pode também haver mudanças em ministérios do setor de infra-estrutura, como Comunicações, Transportes e Minas e Energia, na busca de agilizar o andamento de obras federais.
Articulação política Ao convocar Tarso Genro para o trabalho de montagem de seu ministério, Lula sinaliza que não está descartada a permanência do ex-presidente do PT no comando da articulação política do governo.
O próprio Tarso, no entanto, gostaria de mudar de pasta. Se dependesse apenas de sua vontade, iria para o Ministério da Justiça, pasta para a qual também está cotado o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Sepúlveda Pertence.
O peemedebista Nelson Jobim, citado como candidato ao lugar de Thomaz Bastos, já avisou que não aceitará o posto. Seu nome é lembrado atualmente justamente para o lugar de Tarso Genro.
A indicação de Jobim teria a vantagem de abrir espaço para um nome do PMDB participar das reuniões de coordenação de governo, reivindicação do partido. O problema é a resistência do PT ao nome do ex-presidente do STF.
Caso realmente decida mudar sua articulação política, Lula tem como nome mais forte o do governador do Acre, Jorge Vianna (PT).
Vianna esteve recentemente com o presidente Lula, e, em seguida, fez contatos com o PMDB, na busca de reduzir resistências a seu nome.
VALDO CRUZ e ANDREA MICHAEL
Folha de S. Paulo
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