Hoje, 28 de outubro, comemora-se Dia do Servidor Público. Mas será possível celebrar a data nestes tempos em que a classe é constantemente apontada como responsável por todo tipo de infortúnio que se abate sobre o país? Como demonstrar contento quando o próprio Governo Federal encaminha ao Congresso proposta de Reforma Administrativa que só faz atacar direitos visando enfraquecer o funcionalismo?
Se é verdade que o contexto atual não pede celebrações, também é que a data de hoje, carregada de simbolismo, representa uma oportunidade de ouro para rebatermos as mentiras e as “Fake News” disseminadas contra nossa classe.
Em primeiro lugar, é importante lembrar que o serviço público é uma constante na vida de qualquer brasileiro. Independente de região, credo ou patamar social, todos nós, em algum momento, precisamos do atendimento de um servidor. Fato é que existem maus servidores, afinal, nenhuma categoria está livre de profissionais ruins. Contudo, eles são minoria, e não se pode tomar o todo por uma parcela tão pouco significativa.
A verdade é que problema de eficiência do Estado Brasileiro não está na qualidade de seus servidores, mas sim na de seus gestores. É responsabilidade dos governantes, que há anos teimam em manter engavetados os ajustes realmente necessários para a melhoria do serviço público. Para justificar a morosidade, recorrem sempre à surrada desculpa de contenção de despesas — justificativa que jamais dá as caras quando o assunto é a reforma política ou a dívida pública.
E é bom frisar que os ajustes de que o funcionalismo precisa em nada se assemelham à Reforma Administrativa atualmente em análise no Congresso Nacional. Acabar com a estabilidade, cortar benefícios e diminuir salários são apenas um subterfúgio para a ampliação das terceirizações — essas sim comumente abarrotadas de indicações políticas e da mais pura corrupção (ora, quantas investigações da estirpe da “Lava Jato” não recaíram sobre contratos mantidos pelo Poder Público com a iniciativa privada?).
Para ficar no exemplo dos servidores administrativos da Polícia Federal representados por este SinpecPF, basta constatar que o debate sobre a reestruturação da carreira — medida que traria mais eficiência à Polícia Federal e economia aos cofres públicos — está sendo debatida desde os primórdios do Governo FHC. Mais de duas décadas de promessas não cumpridas e da mais pura demagogia.
O servidor público é, portanto, uma vítima na maioria dos casos. Mais urgente que reformar o funcionalismo é reciclar o “pensar político” em nosso país. Inexistem atalhos milagrosos. A solução é dar ouvidos a quem realmente faz e vive o serviço público.
A frase correta seria: “NADA A SE COMEMORAR”! Não há absolutamente nada de que possamos nos servir para o alívio da tensão, da ansiedade e do desânimo que esse cenário nos causa!