Bastaram duas frases para que os olhos ficassem marejados. “Não gosto de despedidas”, explicou a presidente Leilane Ribeiro. As lágrimas vieram durante a confraternização de final de ano realizada pelo SINPECPF em Brasília na última quinta-feira (10). Após seis anos ostentando postura combativa como líder sindical, Leilane deixou transparecer ali sua faceta emotiva, recebendo palmas dos presentes após discurso comovente de agradecimento.

Embora o sindicato planeje uma nova Assembleia ainda nesta semana para decidir sobre a proposta do governo para o reajuste salarial da categoria, a confraternização de quinta-feira teve mesmo sabor de fechamento de um ciclo, um tempero a mais para a feijoada servida aos filiados ali presentes. Em clima de alta cordialidade, colegas dos mais diversos setores aproveitaram a oportunidade para agradecer o empenho da diretoria do sindicato, desejando sorte aos atuais diretores em seus próximos projetos.

O encerramento de uma era significa sempre o início de outra. Esta nova fase também marcou presença na confraternização, representada pelo presidente eleito Éder Fernando da Silva, que tomou a palavra para enaltecer o trabalho da atual diretoria e prometer manter o legado conquistado pelo sindicato nas últimas gestões.

Terminados os discursos, começou de vez a descontração. Além da feijoada e do bate-papo animado, a confraternização contou com o sorteio de diversos brindes, doados por empresas parceiras do sindicato.

Confira abaixo a carta de despedida da presidente Leilane Ribeiro lida na confraternização:

“Hoje, quando acordei, me vesti como se estivesse me preparando para a maior mobilização dos últimos seis anos, como se fosse para a maior batalha do SINPECPF, me preparando para a guerra… guerra comigo mesma. Estarei deixando a representação do sindicato no último dia deste mês e já me sinto nostálgica (e triste), porém, orgulhosa.

Ao longo desses últimos seis anos, eu vesti a camiseta do nosso sindicato. Não só o tecido aqui no meu corpo, mas algo bem mais forte que isso. Transformei a luta pela carreira administrativa em minha prioridade de vida. Perdi o nascimento de minha primeira sobrinha. Não pude me despedir de minha avó. Estive distante da família e dos amigos de infância. Mas tudo isso valeu a pena.

Uma vez que saí da barra da saia da mamãe, não penso em voltar mais. Pretendo continuar morando em Brasília. Gosto daqui. Por isso, gostaria de agradecer a todos que me receberam com carinho. Quando cheguei aqui, em dezembro de 2009, não conhecia quase ninguém, e foi muito difícil no começo. Graças a Deus, contei com a ajuda de muitos colegas nessa adaptação.

Entre erros e acertos, sorrisos e lágrimas, fiz o melhor que pude. Sim, errei! Mas sei que acertei mais. Li e ouvi coisas que jamais gostaria de ter lido e ouvido. Não aprendi com isso… apenas me magoei.

Agradeço a cada filiado que me trouxe força. Agradeço à diretoria que esteve comigo, ajudando e somando na luta que travamos nesses anos. Se eles tiveram menos espaço para se destacar, foi porque nunca quis que eles assumissem o mesmo tamanho de responsabilidade, afinal, apenas eu tive, ao longo dos anos, acesso ao mandato classista. Não seria justo cobrar deles a mesma medida de trabalho.

Agradeço aos parceiros, aos colaboradores deste evento, inclusive. Agradeço aos servidores da Polícia Federal. Diretores, superintendentes, colegas, todos que, de alguma forma, nos ajudaram nesse período.

Mas gostaria de fazer um agradecimento especial aos funcionários do sindicato que estiveram ao meu lado. Nem minha família, ou minha própria irmã que mora comigo, sabe quantas vezes eu chorei, quantas vezes em pensei em desistir, quantas vezes eu fui fraca, ao ponto de não querer levantar da cama. Os funcionários que estiveram do meu lado sabem.

Choramos juntos quando fomos derrotados. Sorrimos juntos quando fomos vitoriosos. Foram eles que acalmaram meu coração quando fui ofendida. Foram eles que me estenderam a mão para me levantar quando não tinha forças. Foram eles que entenderam meu estresse e, muitas vezes, ignoraram meu mau humor.

Conheço bem cada um deles… O jeito do Felipe quando fica nervoso e bate de leve na mesa quando alguém não entende o que ele escreve (e, diga-se de passagem, ele escreve perfeitamente bem e sempre soube passar para o papel aquilo que eu penso). A agitação do Artur com um novo tema jurídico, que o faz coçar a cabeça e a barba (quando tem!), procurando respostas para a nova pergunta. A calma do Renan, que até quando fica nervoso, parece falar mais baixo, sem nunca reclamar de nada. O carisma da Amanda, que não é só um rostinho bonito, é loira e inteligente, conquistando todos a sua volta. O Igor, nosso caçula, com sua afobação típica de um rapaz jovem que luta por um futuro promissor. Também não vou esquecer o Fábio, O EMPOLGADO, que nos deixou para advogar, mas será sempre lembrado, assim como o Keudson, que, com seu carinho, nunca nos abandonou por completo. A Gorete, uma das pessoas mais leais que conheci na vida, que usou a motivação do sindicato para ingressar em uma faculdade. E, por fim, a Patrícia, a brava Patrícia, que não é assim só no modo de falar. Ela é uma valente que enfrenta a vida e que dividiu conosco tudo que pôde ao longo desses anos. A melhor mãe que a antes pequena e agora grande Ana Luiza (a “branquinha”) poderia ter. O Gilberto é um cara de sorte, Patrícia.

Eu poderia falar mais de cada um, mas vocês ficariam com fome e sede e precisamos aproveitar a tarde.

Eu desejo muita sorte à nova diretoria. Que consigam aquilo que não conseguimos, não por falta de empenho.

Peço a todos, filiados, diretores do sindicato, servidores da Polícia Federal, funcionários, desculpas pelas vezes em que não tive paciência, pelas vezes que ignorei um conselho, pelas vezes em que fui rude. Gostaria de confraternizar com todos vocês hoje e mudar essa imagem!

É provável que tenhamos uma AGE nos próximos dias, mas hoje eu já aproveito para me despedir.

Já sinto saudades. Obrigada!”

Leilane Ribeiro