O deputado federal eleito Juvenil Alves (PT) e o dono da indústria alimentícia Pif Paf, o ex-deputado federal Avelino Costa (PL), foram presos ontem pela Polícia Federal, na Operação Castelhana. Costa e Alves são acusados de envolvimento com uma organização criminosa, com sede em Belo Horizonte, que teria causado um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Outros sete advogados, ligados ao escritório de advocacia de Juvenil Alves, também foram presos na capital mineira. De acordo com a PF, foram detidas ainda quatro pessoas em São Paulo e uma no Rio.
A organização, da qual o advogado Juvenil Alves seria um dos líderes, teria criado um esquema de sociedades anônimas offshore no Uruguai e na Espanha, em nome de laranjas, para resguardar bens de empresários brasileiros da execução de dívidas tributárias. Essas empresas offshore constituíram sociedades no Brasil, para adquirir o patrimônio dos empresários e transferir para si a propriedade dos bens.
Cerca de 250 policiais federais e 120 auditores da Receita Federal cumpriram ontem 21 mandatos de prisão e 50 mandatos de busca e apreensão expedidos pela Vara Especializada em Lavagem de Dinheiro de Belo Horizonte. A operação estendeu-se por cinco Estados (Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Alagoas), além do Distrito Federal. As investigações, segundo o Ministério Público Federal, começaram há dois anos. A organização criminosa estaria atuando desde 1994.
Os crimes praticados pelos membros da organização, de acordo com a PF, são de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal, informação falsa em contrato, estelionato contra a fazenda pública, formação de quadrilha e falsidade ideológica. As penas previstas para estes crimes podem somar mais de 35 anos de reclusão.
Juvenil Alves, advogado bastante conhecido com escritórios em várias cidades, é estreante na política, aos 47 anos. Na primeira disputa eleitoral, foi o candidato a deputado federal pelo PT mais votado em Minas Gerais, com um total de 110.651 votos. Gastou na campanha, de acordo com a declaração ao Tribunal Regional Eleitoral, R$ 415 mil. O valor é considerado baixo para o total de votos obtidos.
O presidente do diretório mineiro do PT, o ex-ministro Nilmário Miranda, comunicou ontem a suspensão do deputado federal eleito e ainda não diplomado: “Decidimos pela suspensão dos vínculos do partido de forma preventiva, até que tenhamos mais informações”. Segundo Nilmário, a prisão de Juvenil Alves – que fez doações de campanha para pelo menos três deputados estaduais que se elegeram pelo PT – foi uma surpresa dentro do partido.
Alves, preso em sua residência, negou qualquer envolvimento com o esquema. O escritório Juvenil Alves e Associados, criado em 1984, distribuiu nota informando que foi surpreendido pela ação da PF, que não teve acesso ao processo, mas está disposto a fornecer todos os documentos solicitados para o mais rápido esclarecimento dos fatos.
A assessoria de imprensa da Pif Paf informou ontem que a empresa só se manifestará depois que seus advogados tiverem acesso ao inquérito policial.
Ivana Moreira
Valor Econômico
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