Após denúncias do MP contra comunidades que incitam crimes, como racismo e uso de drogas, Google aumenta a fiscalização ao site
Às voltas com denúncias de irregularidades contra o Orkut, o Google anunciou ontem, em São Paulo, a adoção de novas medidas para monitorar o conteúdo do site de relacionamentos, que se tornou um fenômeno no Brasil. De acordo com a empresa, um dos instrumentos torna 10 vezes mais rápida a análise de denúncias contra comunidades do Orkut. Existem, atualmente, cerca de 40 processos judiciais contra o Google, que mantém o site de relacionamentos.
Além disso, o Google contratou equipes que falam português para trabalhar no combate a perfis relacionados, por exemplo, a racismo e pedofilia. A quantidade de funcionários envolvidos nessa função teria aumentado 14 vezes, mas a empresa não especifica o número de pessoas. A popularidade do Orkut no Brasil é gigantesca: dos 30,8 milhões de internautas cadastrados atualmente, 62,72% dizem ser brasileiros.
O Google também decidiu aumentar para 10 o número de moderadores de cada comunidade, uma solução que entrou no ar ontem. A iniciativa tem como objetivo impedir que só uma pessoa tenha controle sobre o que é colocado em cada perfil, facilitando o corte de conteúdo impróprio. Outra medida adotada é a campanha educacional Mantenha o Google Bonito, disponível no site. A empresa pretende ainda criar um canal de comunicação direto com as autoridades brasileiras.
Durante o anúncio das medidas, evitou-se vincular as novidades às denúncias de incitação ao crime verificadas em algumas comunidades. Luiz Barroso, engenheiro brasileiro que trabalha no Google Inc., afirmou que as medidas são uma evolução natural do site. “Não são uma resposta às acusações feitas contra o Orkut no Brasil”, disse o especialista.
Barroso admitiu, no entanto, que as ferramentas têm o objetivo de “colaborar com as autoridades do Brasil e do mundo para impedir a propagação de conteúdo racista ou criminoso no Orkut. A empresa é acusada pelo Ministério Público Federal de não contribuir para a quebra de sigilo de usuários de comunidades criminosas que atuariam no site. Para Barroso, isso é resultado de uma “seqüência de mal-entendidos”, que ele espera já tenha se resolvido. “Temos objetivos parecidos com os do Ministério Público, baseados na qualidade dos serviços oferecidos para os usuários”, afirmou o engenheiro.
Em setembro, o Google retirou 10 comunidades do ar após uma ação do Ministério Público do Rio de Janeiro. Elas tratavam sobre uso de bebida e drogas, enaltecimento a facções criminosas e incentivo a roubo de sinal de TV a cabo. Entre as que saíram do site estão as Sou menor, mas adoro dirigir; e Eu sei dirigir bêbado.
Correio Braziliense
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