CPI que investiga a venda irregular de ambulâncias para prefeituras vai divulgar lista parcial em agosto. Trabalho irá até dezembro
Criada para investigar a participação de deputados e senadores na máfia, formada por parlamentares, empresários, prefeitos e funcionários públicos, que vendia ambulâncias com preços superfaturados aos municípios, a CPI dos Sanguessugas só conseguirá concluir os trabalhos depois das eleições. A previsão foi feita ontem pelo relator da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO). Ele prometeu divulgar na primeira semana de agosto uma lista preliminar de parlamentares comprovadamente envolvidos com o esquema, mas ainda não sabe o número exato desse grupo.
“Há situações em que as provas são exuberantes e nesses casos vamos pedir a abertura de processos nos conselhos de ética da Câmara e do Senado com recomendação de cassação”, disse Lando. O senador lamentou a divulgação de 112 nomes de parlamentares pela revista Veja, que está nas bancas, porque a publicidade atrapalha o restante das investigações. Segundo ele, a publicidade possibilita que os acusados, mesmo extra-oficialmente, preparem suas defesas. Lando confirmou que a relação completa é formada, de fato, por 112 congressistas. Mas admitiu que alguns nomes podem ser inocentes por terem sido apenas citados pelos empresários Luiz Antônio e Darci Vedoin, sem indícios de crime.
Diligências
Entre a aprovação do relatório preliminar e o prazo final de funcionamento da comissão, previsto para o dia 18 de dezembro, a CPI continuará realizando diligências para definir o número completo de congressistas culpados. E o grau de culpa de cada um. No período entre o relatório preliminar, a ser votado em agosto, e a conclusão dos trabalhos da comissão, os investigadores pretendem esclarecer precisamente qual foi a participação da cúpula do Ministério da Saúde no esquema.
A relação de supostos culpados, segundo os depoimentos dos empresários Luiz Antônio e Darci Vedoin à Justiça Federal do Mato Grosso e obtidos pela revista, é formada por 104 deputados e três senadores, além de cinco ex-parlamentares. No caso dos ex-congressistas, a CPI vai deixar os casos a cargo da Polícia Federal, já que eles não têm mais fórum privilegiado de julgamento. Sobre os atuais parlamentares, o relator da CPI pretende pedir outras informações à PF. “Vamos fazer uso das provas já colhidas pela polícia para aproveitá-las no relatório preliminar”, avisou Lando.
Para chegar a uma lista definitiva de culpados, a CPI terá que fazer uma espécie de expurgo das declarações dos empresários e servidores do Ministério da Saúde envolvidos com a máfia para evitar que apenas uma citação de um deputado ou senador seja motivo de incriminação. Ontem mesmo, assim que chegou a Brasília, Amir Lando começou a receber telefonemas de colegas congressistas incluídos na lista da Veja tentando se explicar. A divulgação dos nomes também agrava a crise entre os membros da comissão, que se dividem entre os que querem manter o sigilo dos nomes investigados e os que desejam dar publicidade aos suspeitos.
Leonel Rocha do Correio Braziliense
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