Em solidariedade aos colegas, policiais federais – desta vez delegados, peritos, agentes, escrivãos e papiloscopistas – cruzaram os braços durante 24 horas ontem. O objetivo é pressionar o governo a negociar com os agentes administrativos da Polícia Federal (PF), paralisados há 23 dias. Por causa disso, 250 passaportes deixaram de ser emitidos ontem, além de carteiras de nacionalização dos estrangeiros, e cerca de 30 certidões de antecedentes criminais.
Também foram suspensas as investigações dos crimes de tráfico de drogas e as audiências, além de emissões de registro de porte de arma e as licenças para comercialização e transporte de produtos químicos. Ao todo, 140 produtos são controlados pela PF e necessitam do selo de certificação para terem o comércio legalizado.
No estado, 70% dos policiais federais interromperam os trabalhos, segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Estado da Bahia, João Carlos Sobral – os outros agentes continuam os serviços em plantões e operações especiais, seguindo as exigências da lei. Com a paralisação de ontem, os trabalhos de todos os setores ficaram suspensos.
A decisão de apoiar os colegas foi tomada na semana passada – nos dias 11 e 12 – durante assembléia nacional da categoria, realizada em Brasília. A idéia, segundo o sindicalista, é apoiar as reivindicações dos funcionários administrativos do órgão, que solicitam a reestruturação do plano de cargos e salários, aprovado em 2003, mas não implementado, além da realização de concursos públicos para substituir os tercei-rizados. Hoje em Salvador são 30 terceirizados.
O presidente do Sindicato dos Servidores Administrativos da PF (Sindpec-PF), Vailton Alves, explica que é necessário separar as funções no setor por níveis, enquadrando os diferentes. Com isso, continua, haverá aumento de salários. Na Bahia, são 400 agentes da PF, sendo 280 na capital. Dos agentes administrativos, são 70 em Salvador, 135 na Bahia e 3.500 no Brasil.
A greve dos agentes administrativos teve início no dia 25 de setembro último, após várias paralisações de advertência, realizadas em junho deste ano. A greve foi a última alternativa encontrada para pressionar o governo federal a cumprir o acordo de reestruturação do plano de carreira. A ação faz parte do movimento nacional dos servidores administrativos do órgão. Segundo a diretora de comunicação do Sindicato dos Servidores do Plano Especial de Cargos da PF (Sinpecpf), Elisabeth Saraiva, em 2005, os ministérios da Justiça e do Planejamento se comprometeram a fazer a reestruturação do plano de carreira da categoria, que seria encaminhado ao Congresso, no ano passado, o que acabou não ocorrendo. À época formou-se um grupo de estudos com a participação do governo federal e da PF para avaliar a proposta. Os estudos foram retomados em junho e até agora não há resposta positiva do governo. (CA)
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