Determinado a cortar o ponto dos servidores federais que estão em greve, o governo cogita recorrer até as últimas instâncias do Judiciário, caso os sindicatos questionem o desconto nos contracheques. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ao Correio que o não pagamento dos dias parados é uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A medida, que até então não passava de uma simples ameaça do Executivo, já foi aplicada aos grevistas do Banco Central — que voltaram ao trabalho ontem depois de 43 dias. Os funcionários deixaram de receber o equivalente a seis dias do pagamento de abril. “Desta vez é para valer”, avisa Paulo Bernardo.
O Ministério do Planejamento vai cortar o ponto dos servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), parados há 27 dias, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de braços cruzados há 34 dias. “Não podemos controlar o que o Judiciário vai decidir, mas vamos fazer todos os esforços para que, havendo decisão pelo pagamento, ela seja revertida. Vamos recorrer a instâncias superiores”, explica o ministro.
Ação
A associação que representa os funcionários do Ibama ajuizou uma ação para tentar impedir o desconto. No caso do Incra, o caminho deverá ser o mesmo. Sem citar nenhuma categoria específica, Paulo Bernardo diz que houve “precipitação” por parte de alguns setores e que dificilmente o governo concederá reajustes com impactos financeiros no Orçamento deste ano. “O que estamos dizendo às categorias é que não temos condições de praticar a política que foi feita no ano passado. Eles acreditavam que poderíamos ir no mesmo embalo, mas não há condições. Vamos fazer propostas salariais com impactos a partir de 2008. Não podemos aceitar grandes mudanças na folha de 2007 porque não cabe”, reforça o ministro.
LUCIANO PIRES E RICARDO ALLAN
DA EQUIPE DO CORREIO
16/06/07
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