No primeiro domingo após a condenação, o advogado Denivaldo Barni levou pizzas para a jovem de 22 anos que confessou ter ajudado a matar os pais. Já os irmãos Cravinhos não puderam ver ninguém
Finais de semana diferentes para os três condenados pela morte do casal Manfred e Marísia von Richthofen. Presa no Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro, no interior de São Paulo, Suzane von Richthofen recebeu ontem a visita do seu ex-tutor e advogado Denivaldo Barni. Já os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos não puderam ter nenhum tipo de contato com amigos e familiares.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, como os Cravinhos foram levados a um novo presídio depois do julgamento, eles precisam passar por um período de observação e inclusão antes de começar a receber visitas. Suzane já estava presa em Rio Claro antes de ser condenada.
Denivaldo Barni chegou ao Centro de Ressocialização por volta das 9h de ontem e foi embora no final do horário da visita, às 16h. Segundo pessoas que foram visitar outros presos, Suzane chorou muito quando o viu, mas depois ficou descontraída. Ainda de acordo com visitantes, ela não se alimentou com a comida do presídio — macarronada e frango. A ex-estudante de direito comeu algumas pizzas levadas por Barni. O advogado era colega do pai de Suzane e representante dela no processo em que a jovem lutava na Justiça pela herança dos pais. Durante o julgamento, Suzane abriu mão dos bens.
Anulação
Um dos defensores de Suzane, o advogado Mário Sérgio de Oliveira anunciou que pedirá a anulação do julgamento. O motivo seria o resultado da votação do júri popular, que considerou que, mesmo influenciada pelo namorado, Suzane poderia ter evitado o assassinato do pai. No caso da mãe, os jurados entenderam que Suzane não foi influenciada por Daniel. “Saímos sem saber o que o júri estava querendo”, reclamou Mário Sérgio. Mais duas justificativas serão usadas no pedido. “O fato de os jurados terem entendido que Suzane era dominada pelo namorado deveria ser critério para redução de pena”, defende o advogado. Outra incoerência, segundo ele, foi o fato de os jurados considerarem Suzane culpada pela morte por asfixia dos pais.
Oliveira reconhece que será difícil ganhar o recurso em São Paulo. “Acho que teremos de apelar ao Superior Tribunal de Justiça, que leva, em média, três anos para julgar um pedido.” Suzane e Daniel foram condenados a 39 anos e seis meses de prisão, cada, enquanto Cristian recebeu pena de 38 anos e meio de prisão. Os jurados consideraram que o crime teve motivação fútil e que foi usado meio cruel no duplo assassinato.
Preso desde 2002, o trio deve cumprir quatro anos em regime fechado. Isso porque o Supremo Tribunal Federal tem entendido que a Lei de Crimes Hediondos, que impede a progressão de regime, fere o princípio constitucional da individualização da pena. “O STF tem dado direito à progressão de regime. Se isso ocorrer, poderão cumprir um sexto da pena, por volta de sete anos’, diz o advogado de Suzane. Como os condenados passaram cerca de três anos presos, restarão quatro.
O fato de os jurados terem entendido que Suzane era dominada pelo namorado deveria ser critério para redução de pena
Mário Sérgio de Oliveira, advogado
da Redação do Correio Braziliense
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