BC mostra que clientes de bancos estão pegando empréstimos a juros “baixos” para pagar os débitos que têm taxas altas
Nem mesmo a forte queda dos juros foi suficiente para sustentar o ritmo de crescimento dos empréstimos bancários no mês passado. As operações de crédito do sistema financeiro totalizaram R$ 658,946 bilhões, o que representa um aumento de apenas 0,7 ponto percentual em relação a maio. Isso mostra que os brasileiros — tanto pessoa física quanto jurídica — estão recorrendo menos aos empréstimos bancários na comparação com meses anteriores. Por conta disso, o volume de crédito ficou estável em 32,4% do PIB.
Além disso, segundo Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), o consumidor está buscando formas mais baratas para se financiar. Por exemplo, houve uma diminuição da concessão de crédito do cheque especial e do cartão de crédito — que oferecem taxas mais elevadas — e um aumento das operações com crédito consignado (leia mais ao lado).
Segundo números do Banco Central (BC), a taxa de juros cobrada da pessoa física atingiu o menor percentual desde julho de 1994. O custo do empréstimo passou de 56,1%, em maio, para 55,8% ao ano, em junho. A tendência é de continuidade desse cenário. Até o dia 13 deste mês, essa taxa havia caído 1,1 ponto percentual, chegando a 54,7% ao ano. Já a taxa média de juros — inclui pessoas físicas e empresas — encerrou junho em 43,2% ao ano — a menor desde março de 2001.
Apesar do cenário otimista desenhado por Lopes, nem toda a queda da Selic (redução de cinco pontos percentuais desde setembro de 2005, passando de 19,75% para 14,75% ao ano) foi repassada aos clientes bancários. A justificativa é que parte do efeito da diminuição dos juros é antecipada pelas instituições financeiras na hora de conceder um empréstimo. O spread bancário (diferença entre a taxa que o banco cobra do cliente da que ele paga para captar o recurso) — um dos principais ingredientes dos lucros dos bancos — caiu de 28,5% para 28% ao ano — chegando ao patamar de abril de 2005 (27,7% ao ano). “No momento que se reduz os juros, cai o risco da operação e aumenta a escala. Isso permite uma diminuição dos spreads bancários”, disse Lopes, acrescentando que uma queda maior dos juros das instituições públicas poderia acelerar o processo de redução das taxas em outros bancos devido à concorrência.
Edna Simão do Correio Braziliense
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