Presidente põe Dilma Rousseff (Casa Civil) no comando de equipe encarregada de acabar com mais uma pane aérea
Lula tem dito que ainda não sabe se o problema resulta do boicote dos controladores ou da falta de infra-estrutura e de condições de trabalho na área
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou um “gabinete de crise”, sob o comando da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), para centralizar as informações e as medidas necessárias para tentar acabar com mais uma crise do sistema de tráfego aéreo do país. Em reunião de emergência anteontem à noite no Palácio do Planalto, quando recebeu relato do caos nos aeroportos, Lula decidiu criar o “gabinete de crise”. Ontem de manhã, Dilma se reuniu com o presidente e, depois, com ministros de diversas áreas para preparar medidas de combate à crise. Trata-se de uma intervenção até que sejam formalmente trocados o ministro da Defesa, Waldir Pires, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Félix. Para Lula, eles perderam o controle da situação. O presidente tem dito que ainda não sabe se a crise é resultado do boicote dos controladores de vôo ou da falta de infra-estrutura e de condições de trabalho no setor. A determinação do presidente é que o “gabinete de crise” identifique as causas, aponte soluções e deflagre um “pacote” para acabar o mais rápido possível com o caos aéreo. A idéia foi copiada do governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, que também destacou o então chefe da Casa Civil, Pedro Parente, para contornar o “apagão elétrico” de 2001. Verba ilimitadaA orientação de Lula para a ministra é que não faltem verbas para o que for necessário. O pacote deverá incluir, pelo menos, um “back-up” duplicado para a central de rádio, com Brasília cobrindo automaticamente São Paulo e vice-versa, além de um controle mais sofisticado para que interferências externas não prejudiquem as comunicações. Muitas das soluções dependem da investigação da pane que está sendo feita por engenheiros do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), por técnicos da empresa italiana que vendeu o sistema ao Brasil e por policiais federais. O governo não descarta a possibilidade de sabotagem. Balanço feito pela Anac às 18h de ontem mostrava que 122 vôos -de um total de 1.184- haviam sido cancelados em todo o país. Outros 436 tiveram atraso acima de uma hora. Na avaliação de Denise Abreu, diretora da Anac, a situação dos vôos deve se normalizar a partir de hoje, mas não há garantias de que novos problemas não possam acontecer neste final de ano.
KENNEDY ALENCAR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA ELIANE CANTANHÊDE COLUNISTA DA FOLHA
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